Operação Overlord foi o codinome para a Batalha da Normandia, uma operação dos Aliados que iniciou a invasão bem-sucedida da Europa Ocidental ocupada pelos alemães durante a Segunda Guerra Mundial.
A operação teve início em 6 de junho de 1944, chamada de Operação Netuno, ou o famoso “Dia D”, com os desembarques na praia francesa. Um ataque aéreo de 1.200 aviões deu início a um desembarque anfíbio, com mais de cinco mil embarcações. Cerca de 160 mil homens cruzaram o canal da Mancha em 6 de junho e, com isso, mais de três milhões de soldados aliados estavam na França até o final de agosto.
O CLAMOR PELA SEGUNDA FRENTE
Desde 1942, os soviéticos, que estavam sofrendo horrores para deter e fazer os nazistas recuarem da URSS, vinham clamando para que seus aliados ocidentais, os Estados Unidos e a Grã-Bretanha, abrissem um fronte no ocidente para aliviar a fortíssima pressão que o exército alemão exercia sobre o território russo. Desde que ocorrera a invasão do solo soviético em 22 de julho de 1941, a Wehrmacht havia conquistado imensas fatias do território russo, fazendo com que a sua linha ofensiva saísse da região de Leningrado, no Norte do país, se estendesse em direção a linha Moscou-Smolesk, chegando até o Cáucaso, a cadeia de montanhas bem ao sul da URSS.
STALINGRADO 1942/1943
Os soviéticos haviam finalmente invertido a maré da guerra na Batalha de Stalingrado, no inverno de 1942/43, mas as perdas humanas e materiais eram colossais. O 6º exército alemão, comandado pelo marechal Paulus, rendeu-se ao marechal Zukov depois de ter perdido mais de 300 mil homens nas ruínas e nas cercanias daquela cidade do Volga.
Os aliados ocidentais, num primeiro momento, comprometeram-se a abastecer os soviéticos através da rota do ártico, pelos portos de Murmansk e Arcangel, mas isso não era suficiente para minorar os sofrimentos do povo russo. Em 1942, os anglo-canadenses fizeram uma tentativa de desembarque no litoral ocidental, em Dieppe, na Bélgica, mas foram quase dizimados pelas defesas nazistas. Os aliados ocidentais concluíram que as forças nazistas eram muito poderosas ainda para tentar-se um desembarque em larga escala. Resolveram então primeiro atacar o fronte sul das forças do Eixo: o norte da África e, em seguida, a Itália.
Em fins de 1942, um exército americano desembarcou na Argélia, conjugado com uma ofensiva britânica na Líbia, levaram o “Africa Korps” o exército de elite dos alemães, comandado pelo marechal Rommel à rendição na Tunísia em princípios de 1943. Logo em seguida os aliados avançam para a Sicília, e dali para a península italiana. O primeiro resultado político positivo dessa operação foi a queda do ditador fascista Benito Mussolini.
No dia 25 de julho de 1943, o Grande Conselho Fascista, por pressão do rei da Itália e do Exército, destituiu e prendeu Mussolini, que se mostrara incapaz de fazer os americanos e ingleses recuarem do solo italiano. Pouco tempo depois, os italianos abandonam a guerra e negociam uma paz em separado com os aliados. A defecção deles obrigou os nazistas a deslocarem parte de suas forças ocidentais para tapar a brecha italiana aberta pelos aliados.
PREPARANDO A INVASÃO
Após a derrota de 1940, quando a Alemanha invadiu a França, Holanda, Bélgica, e o exército britânico foi obrigado a fugir para a Grã-Bretanha deixando suas armas e equipamentos para trás, os ingleses começaram a planejar uma operação para cruzar o canal da mancha e derrotar a Alemanha. Com esse objetivo foram criados os Commandos (tropas de elite treinadas em operações anfíbias), que realizaram vários ataques a bases alemãs no litoral europeu. As técnicas desenvolvidas por eles foram fundamentais para o sucesso do Dia D e permitiram que se fizesse um reconhecimento das fortificações que estavam sendo construídas na costa européia.
O ataque aero-naval só poderia dar-se durante o verão europeu. Somente naquela estação era possível realizar-se uma operação na escala desejada. Desde que Hitler desistira de invadir a Inglaterra em 1940, ele determinara a construção da chamada “Muralha do Atlântico”, um conjunto de fortificações de concreto, bunkers, que tinham a função de proteger as suas defesas de um ataque de surpresa vindo do mar. Também esperavam que este ocorresse na região de Calais, onde o Canal da Mancha, que separa a França da Inglaterra, e mais estreito, concentrando ali a maioria das suas divisões.
Hitler e o marechal Rommel palpitaram que era bem possível que os aliados desembarcassem na Normandia porque lá encontrariam os dois grandes portos capazes de acolher a enorme quantidade de homens e de material bélico que estavam concentrados no Sul e Sudoeste da Inglaterra: os portos franceses de Le Havre e Cherbourg. Finalmente os aliados decidiram- se por fazê-lo no verso de 1944, Aproveitando-se de uma momentânea melhoria climática, o general Eisenhower, comandante supremo dos aliados ordenou que aquela imensa força se deslocasse no dia seis de junho.
Os mapas e documentos bigot foram criados em casulos isolados de sigilo. Um deles foi escondido na loja de departamentos londrina Selfridges. Colaboradores bigot entravam e saíam da loja por uma porta dos fundos, muitos deles levando fragmentos de informação. O projeto era tão restrito que, quando o rei George visitou um navio do comando e perguntou o que havia do outro lado de um compartimento fechado por cortinas, polidamente não lhe permitiram ver, pois, como declarou depois um oficial de sentinela, “ninguém me disse se ele era um bigot”.
Em janeiro de 1943 o general britânico Frederick Morgan foi incumbido de comandar um grupo de oficiais anglo-americanos com a missão de preparar um plano para invadir a França. Em agosto, ele apresentou um esboço do plano de invasão da Europa, que recebeu o codinome de Operação Overlord (“Supremo Senhor”), para os chefes do alto comando aliado, e o Dia D foi fixado provisoriamente como 1° de maio de 1944. Em dezembro, durante uma conferência no Cairo entre o primeiro ministro britânico Winston Churchill e o presidente dos EUA Franklin Roosevelt, o general americano Dwight Eisenhower recebeu o comando da operação, pois a maior parte do efetivo seria americano.
O sistema apresentou uma ou outra falha. Um erro sério foi cometido em maio, quando um general-de-divisão americano contou a convidados num jantar em Londres que o Dia D seria antes de 15 de junho. Ele foi rebaixado e mandado de volta para os Estados Unidos, mesmo destino de um capitão da Marinha que dera com a língua nos dentes em outra festa. Mais estranha quebra de sigilo veio do jornal londrino Daily Telegraph, cujas palavras cruzadas alarmaram os oficiais de segurança. Uma delas, em 2 de maio, incluía “Utah” nas respostas. Duas semanas depois, “Omaha” apareceu entre as respostas. O autor dessas palavras cruzadas, um professor primário, foi posto sob vigilância. E então apareceu a mais alarmante de todas as respostas: “Netuno”.
Desta vez prenderam o professor. Os investigadores, perplexos, por fim concluíram que as palavras eram resultado de uma inacreditável série de coincidências. Só em 1984 o mistério foi resolvido: um dos alunos desse professor revelou que ouvira as palavras ao bisbilhotar conversas de soldados enquanto perambulava perto de acampamentos na região. Passou então aquelas palavras curiosas a seu professor, que de nada desconfiava quando pediu aos alunos que lhe fornecessem idéias para suas palavras cruzadas.
Mas nada foi mais sigiloso – nem mais vital para a Operação Netuno – do que o mosaico de relatórios secretos dos Aliados que cartógrafos e artistas transformaram nos mapas de várias cores e camadas da operação Bigot. Neles foram representados detalhes da “Muralha do Atlântico” – tão gabada por Hitler –, uma rede de defesas costeiras.
Leia mais sobre a Muralha do Atlântico
Para descobrir o que esperavam os Aliados na invasão, agentes secretos civis americanos, britânicos e franceses arriscaram a vida – e às vezes a perderam – em troca de subsídios para os mapas bigot. Revelações sobre o leito oceânico ondulado da Normandia vieram de homens-rãs que também conseguiram amostras da areia de praias patrulhadas por sentinelas alemãs. Anotações nos mapas bigot, como “vala antitanque ao redor de ponto de apoio” ou “ouriços a cada 9 ou 10 metros”, foram muitas vezes presentes de patriotas franceses. Um pintor de paredes, contratado para reformar o quartel-general alemão em Caen, roubou uma planta das fortificações da Muralha do Atlântico. Radiotelegrafistas transmitiram informações em pacotes ultra-rápidos para fugir das equipes de detecção alemãs. Outras mensagens chegaram à Inglaterra em cápsulas, levadas por pombos-correios que a Royal Air Force mandara para os agentes da Resistência Francesa em gaiolas lançadas de pára-quedas na Normandia ocupada. Os alemães, estando a par desses espiões emplumados, usaram atiradores e falcões para derrubá-los, mas milhares de mensagens conseguiram passar.
A praia mais próxima da Grã-Bretanha ficava na região de Pais de Calais, porém era onde se concentravam mais tropas alemãs e também onde havia mais fortificações, portanto a Normandia foi escolhida para o assalto. Mas os aliados queriam que os alemães acreditassem que o ataque seria em Calais, por isso foi criado um plano chamado Fortitude (Fortaleza/Solidez), de acordo com o qual, seriam feitos exercícios de desembarque próximos de Dover e muitas mensagens de rádio falsas foram divulgadas criando a ilusão de que um exército se encontrava em treinamento naquela região, além de serem lançadas mais bombas em Calais do que na Normandia. Tanques falsos foram colocados próximos à costa para serem fotografados pela força aérea alemã. No fim, esse plano de despiste funcionou tão bem que mesmo após o Dia D alguns oficiais alemães continuaram achando que o ataque verdadeiro ainda ocorreria em Pais de Calais.
O plano original apresentado por Morgan previa o emprego de três divisões, mas Eisenhower decidiu que o assalto teria de ser feito por no mínimo 5 divisões (cerca de cem mil homens), para que a operação tivesse maiores chances de sucesso. Mas para isso os aliados teriam de reunir uma quantidade inédita de suprimentos (comida, munições, combustível, etc.) na Grã-Bretanha a fim de manter esse exército em operação. Outro problema era a escassez de lanchas de desembarque (LCTs), pois o plano previa um ataque simultâneo no sul da França; por fim esse ataque foi adiado até que a operação Overlord fosse realizada.
Porém, uma vez que as tropas desembarcassem, seria necessário um porto para os navios descarregarem suprimentos, e como não se sabia quando seria conquistado um porto no litoral da Normandia os engenheiros decidiram construir dois portos artificiais (os mulberries) e rebocá-los até a costa. Uma fileira de navios seriam afundados encostados popa com proa criando uma linha costeira protegida. Também foram construídos enormes caixões de concreto que seriam afundados próximos à praia de forma a criar um quebra-mar adicional que protegesse as operações portuárias das ondas. Enormes plataformas transportavam guindastes e demais dispositivos necessários em um porto, contando inclusive com canhões antiaéreos. Dentro destes portos os navios podiam transferir suas cargas para cais de aço, onde eram carregadas em caminhões que a levavam para terra por um cais flutuante apoiado em pontões até a praia.
Eisenhower ficou sabendo de um construtor de barcos de New Jersey, Andrew Jackson Higgins, que na verdade, era um americano renegado. Higgins conseguiu um ótimo negócio, mas teve que fazer mais de 20.000 barcos em poucos dias. A escassez dos metais utilizados na construção dos barcos, fez com que Andrew – que tempos atrás teve a brilhante ideia de comprar todo o estoque de mogno da Louisiana – fizesse os barcos de madeira. A Higgins Industries Inc. deu o nome de Eureka aos barcos. Mas ainda havia um problemão: os barcos comuns obrigam os soldados a saltarem pelos lados, o que dificulta muito a sua sobrevivência. Higgins e sua equipe tiveram outra grande ideia: criar barcos retos na frente, com rampas que abriam como uma caixa de charutos deitada (que foi o que deu a ideia a eles). Assim, poderiam ser desembarcados soldados, carros e tudo mais que entrasse nos barcos. Esses ficaram conhecidos como os LCVPs (Landing Craft Vehicles and Personnel – “Barcos de Desembarque de Veículos e Tropas”), os mais famosos de toda a guerra.
As tropas ensaiaram o desembarque várias vezes, usando munição real e estudando fotos aéreas e maquetes dos seus alvos. Foram criados veículos especiais, tais como tanques anfíbios e os chamados “malhadores”: blindados com um mecanismo provido de correntes que batiam no solo e detonavam minas. Como os alemães estariam em vantagem, não apenas em número de soldados mas também de blindados, os aliados decidiram lançar três divisões aerotransportadas nos flancos da força de desembarque, impedindo os alemães de levar reforços às praias. No total cerca de 156.000 homens e 20.000 veículos desembarcariam.
Todos os aviões de combate disponíveis seriam empregados para debilitar ao máximo as defesas alemãs. A data do desembarque foi alterada, pois esse teria de ser efetuado na maré baixa para que os obstáculos das praias ficassem visíveis e assim pudessem ser removidos e as minas desarmadas, e os pára-quedistas precisariam de luar para encontrar seus objetivos. Essa combinação de lua e maré baixa só ocorria em três dias a cada mês (no caso 5 ,6 e 7 de junho). Em maio de 1944 foi decidido que o Dia D seria 5 de junho, embora ainda dependesse da previsão do tempo, pois se o tempo estivesse muito ruim iria prejudicar bombardeiro aeronaval, além de provocar enjôo nos soldados.
Na madrugada de 4 de junho os meteorologistas informaram que no dia 5 o tempo estaria muito ruim, por isso o ataque foi adiado por 24 horas; os navios foram chamados de volta e conseguiram retornar para reabastecimento sem despertar suspeitas dos alemães. Às 21:30h do dia 4, os comandantes aliados se reuniram novamente e foram informados de que havia previsão de uma melhora no tempo para o dia 6, embora devesse piorar novamente nos dias seguintes. Se a operação não fosse lançada, os aliados teriam de esperar no mínimo duas semanas para que as marés permitissem o ataque e seria necessário desembarcar as tropas comprometendo o sigilo da operação. Assim sendo, após consultar seus oficiais, Eisenhower decidiu pelo prosseguimento do ataque, o Dia D seria terça-feira, 6 de junho de 1944.
OS INIMIGOS
Em 1943 parecia que a sucessão de vitórias alemãs havia chegado ao fim, e que os aliados poderiam vencer a guerra. Na Rússia o 6º exército alemão foi destruído na batalha em Stalingrado e as tropas alemãs lutavam para deter a ofensiva russa. Os alemães foram expulsos da África, a Itália havia sido invadida e se rendera aos aliados.
Em maio de 1944, os russos cruzaram a fronteira com a Polônia e na Itália os exércitos britânicos e americanos aproximavam-se de Roma. Hitler estava ciente da ameaça de uma invasão a partir da Grã-Bretanha, tanto que ainda em 1942 ele ordenou a construção da muralha do Atlântico: uma série de fortificações na costa noroeste da Europa. O comandante das forças alemãs na frente ocidental era o marechal de campo Von Rundstedt, que lutava para obter recursos para a construção da referida muralha, e para manter suas divisões em condições de combate diante dos pedidos de mais homens na frente oriental.
Em novembro de 43, Hitler incumbiu o marechal de campo Erwin Rommel, famoso por comandar o Afrika Korps no norte da África e supervisionar a construção das fortificações. Rommel recebeu o comando do grupo de exércitos B formado pelo 7º exército na Normandia, 15º no Passo de Calais e o 88º corpo de exército na Holanda. Na verdade a muralha do atlântico só existia mesmo na imaginação de Hitler, pois nunca havia concreto suficiente para a construir as fortificações, e as minas antitanque e antipessoal não eram entregues na quantidade que havia sido solicitada.
Mesmo com essas dificuldades, Rommel conseguiu melhorar muito as defesas alemãs, inventando engenhos mortíferos com objetivo de causar o máximo de baixas entre as tropas que desembarcassem na França. Nas praias foram colocados obstáculos de madeira e aço que deveriam perfurar o casco dos lanchões de desembarque a menos que se desembarcasse na maré baixa, e nesse caso as tropas teriam de avançar através de campos minados com Tellermines, que ficavam presas à postes cravados na areia, porcos-espinhos (montagens de ferro para perfurar barcos) e cercas de arame farpado (que, muitas vezes eram destruídas com tanques ou com torpedos Bangalore) debaixo do fogo de canhões colocados em bunkers de concreto e de metralhadoras.
Tanto Rommel quanto Rundstedt concordavam que as defesas costeiras estavam bem além do esperado, mas os dois comandantes divergiam quanto a maneira de repelir o desembarque aliado. Rundstedt queria que as principais unidades incluindo as divisões Panzer se mantivessem afastadas da costa e uma vez que as tropas invasoras estabelecessem uma cabeça de praia seriam empurradas contra o mar pelo contra ataque alemão. Rommel acreditava que o poderio aérea aliado era tão superior ao da Luftwaffe que os blindados alemães seriam destruídos antes que pudessem lançar um contra ataque eficiente, na sua opinião os Panzer tinham de ser mantidos logo atrás da linha de defesa das praias e atacar assim que as primeiras tropas desembarcassem. Nas suas palavras: “A guerra será vencida ou perdida nas praias. As primeiras 24 horas serão decisivas”.
No dia 5, Rommel obteve uma licença e viajou para a Alemanha pois pretendia reunir-se com Hitler, assim não estava em seu QG no momento da invasão.
POR AR…
O primeiro país a usar tropas aeroterrestres em combate foi a Rússia na guerra com a Finlândia em 1939. Apesar dos pára-quedistas não terem ajudado muito, um grupo de oficiais alemães se empolgou com a possibilidade de lançar soldados na retaguarda inimiga e em 1938 foi criado o corpo de pára-quedistas da Luftwaffe (força aérea alemã) sob o comando do general Kurt Steiner. Os alemães lançaram um pequeno efetivo de pára-quedistas na invasão da Noruega em abril de 1940, mas foi na invasão da Holanda e Bélgica em maio do mesmo ano que as unidades aeroterrestres mostraram do que eram capazes.
Elas conquistaram a fortaleza de Eben Emael na Bélgica, e tomaram pontes e aeroportos durante o ataque à Holanda, facilitando o avanço das forças terrestres alemãs. Em 1941, durante a invasão da Grécia, os alemães lançaram uma divisão aero terrestre sobre a ilha de Creta. Apesar dos paraquedistas terem conseguido conquistar a ilha, eles sofreram muitas baixas o que fez com que Hitler vedasse futuras operações aerotransportadas em larga escala.
Na Grã-Bretanha, o 1º ministro Winston Churchill ordenou a criação de unidades paraquedistas nos moldes dos alemães. Em 1940, foi criada a 1ª divisão aero terrestre que saltou durante a invasão do norte da África em 1942 e desembarcou, como infantaria convencional, na Itália em 1943. Nos EUA, a 82a divisão foi treinada como paraquedista e foi lançada na invasão da Sicília e da Itália em 1943. Durante os preparativos para o Dia D foram escolhidas além da veterana 82a, as recém criadas 6a divisão aero terrestre britânica e 101a norte-americana para saltar na Normandia.
Mesmo após o plano ter sido aprovado, o comandante da força aérea aliada Leigh-Mallory procurou Eisenhower para dizer que na sua opinião o salto da 101a devia ser cancelado porque ele previa baixas superiores a 70% do efetivo. A zona de salto da 101a ficava numa região em que os alemães haviam desviado o curso de alguns rios alagando grandes áreas e era defendida pela 91a divisão de infantaria, que havia recebido instruções para enfrentar ataques aero terrestres. O comandante supremo revisou os planos e decidiu prosseguir como planejado, após a operação, diante do número de baixas bem menor do que as suas previsões, Leigh-Mallory desculpou-se com Eisenhower por ter aumentado suas preocupações às vésperas do Dia-D.
Flanco Ocidental
As divisões 82ª e 101ª deveriam proteger o flanco esquerdo da cabeça de praia, e para isso teriam de capturar pontes sobre os rios Dove e Merderet, e bloquear as principais vias de acesso às praias, cortando as comunicações alemãs e impedindo que o inimigo contra ataque.
Flanco Oriental
À 6a divisão cabia manter o flanco direito da cabeça de praia, destruindo pontes sobre o rio Dives, tomando pontes sobre o rio Orne e destruindo a bateria de Merville cujos canhões poderiam atingir as tropas que desembarcassem em Sword.
… E POR MAR: CHEGOU A HORA!
Os navios se deslocavam em direção a um ponto denominado de Piccadylly Circus, onde os comboios se reuniriam e partiriam para as praias da França. Eles foram precedidos de caça minas, que deveriam abrir corredores seguros para o restante dos comboios. Um dos aviões que sobrevoava a frota piscou suas luzes 3 vezes rápida e 1 lenta formando a letra V em código morse; o V da vitória.
Estendendo-se por mais de 30 km, seguiam 10 colunas de navios de todos os tipos. As tropas e os veículos seriam transportadas por 4.200 navios e barcaças de desembarque (LCVPs, LSTs e LCTs), e apoiadas por 1.200 cargueiros e cerca de 1.200 navios de combate: destroieres, cruzadores, navios providos de suportes lança foguetes e couraçados que deveriam bombardear as praias antes do desembarque. Todos os navios seguiam uma ordem pré-estabelecida de forma a evitar colisões e para cada praia havia duas rotas, uma para o tráfego rápido e outra para o lento. Devido às variações de maré cada praia tinha a sua Hora H, que variava de 6:30 no flanco ocidental até 7:30 no oriental.
O desembarque seria efetuado em 5 praias numa faixa costeira de cerca de 100km de extensão:
- Sword: Onde desembarcaria a 3ª divisão de infantaria britânica, a 27ª brigada blindada, 1ª brigada de serviço especial (formada pelos 3º, 4º e 6º comandos e o 45º comando dos fuzileiros navais), 4ª brigada de serviço especial (41º, 46º e 48º Comando dos fuzileiros navais);
- Juno: 3ª divisão de infantaria e 2ª brigada blindada canadenses;
- Gold: 50ª divisão de infantaria e 8ª brigada blindada britânicas, além do 47º comando dos fuzileiros navais;
- Omaha: 1ª divisão de infantaria norte-americana, brigadas da 29ª divisão de infantaria e o 5º batalhão Ranger (as tropas de assalto americanas), além de batalhões de tanques e de artilharia;
- Utah: 4ª divisão de infantaria norte-americana, uma brigada da 90ª divisão e um batalhão de tanques.
Entre Utah e Omaha havia um penhasco chamado Pointe du Hoc, onde se acreditava que os alemães haviam instalados canhões pesados, essa posição seria atacada pelo 2º batalhão Ranger. Durante a madrugada, os bombardeiros aliados lançaram bombas sobre as principais baterias de canhões alemãs, de modo que elas tivessem pouco tempo para se recuperarem antes do amanhecer.
A partir das 5h00 os navios de guerra começaram a tomar posição e às 5h30 a frota abriu fogo contra as posições inimigas. Quando faltavam 5 minutos para o inicio do desembarque navios lançaram cerca de 40.000 foguetes contra a costa e, quando eles terminaram de explodir, os primeiros soldados do exercito invasor pisaram as areias da Normandia. Simultaneamente ao desembarque do lado ocidental, no Leste da Europa, a URSS lançou uma poderosa ofensiva contra os nazistas, levando tudo de roldão.
SANGUE, ÁGUA E PÓLVORA – A BATALHA NA PRAIA FRANCESA
De fato, o desembarque na Normandia foi crucial para os Aliados, uma vez que estes por meio de diversos e insistentes pedidos de Stálin já esboçavam um desembarque maciço de tropas na Europa afim de acabar definitivamente com as forças de Hitler. E é bem verdade que a Alemanha, por iniciativa de Rommel, esperando o desembarque aliado, procurou na medida do possível, defender-se através da chamada muralha do Atlântico. Rommel, com toda sua experiência militar, prevera que o desembarque aliado ocorreria nas praias do noroeste francês. Talvez seja desnecessário dizer, mas a batalha da Normandia foi um verdadeiro inferno para os Aliados, causando pesadas baixas.
A batalha continuou por mais de dois meses, com as campanhas a estabelecer e expandir as posições dos aliados. Concluiu-se em 22 de agosto com a rendição de Paris e a queda da bolsa de Chambois. A Normandia permanece uma das batalhas mais conhecidas da Segunda Guerra. Na língua comum, a expressão “D-Day” continua a ser usada para a data de começo da invasão, e o dia da abertura da batalha da Normandia, 6 de Junho de 1944, continua sendo comemorado.
A CONCLUSÃO
O sucesso dos aliados no Dia D é atribuído em parte, à sorte grande que tiveram. Os alemães nunca haviam atacado a imensa armada que os Aliados estavam montando antes de 6 de junho; seus comandantes fizeram um exercício com mapas no dia do ataque; Rommel estava de licença em casa, e mais uma vez, o tempo estava a favor dos Aliados. Apesar da imensa preparação alemã antes do Dia D, a invasão veio e foi imparável. Mas, a maioria do sucesso do Dia D devem ser atribuídos aos lutadores individuais que fizeram as centenas de decisões pequenas e os oficiais juniores que fizeram exames quando era necessário, e à preparação completa que haviam feito. E assim, pelas 2.400 horas do Dia D, os contra-ataques alemães tinham falhado e os aliados controlaram a cabeça da praia para as tropas da desembarque na França. Semanas e meses mais tarde, os aliados entraram lentamente na Alemanha enquanto a guerra começou a acabar para Hitler e os Nazis. Este era o objetivo que tinham ajustado para ser realizado dois anos antes, e tinham-no conseguido agora.
O célebre físico Albert Einsten, exilado nos EUA desde 1933, escrevera em 1938 ao presidente F. D. Roosevelt alertando-o para a necessidade da fabricação de uma arma nuclear antes que os nazistas o fizessem. As providências, porém, só foram tomadas quando o Japão atacou os EUA em dezembro de 1941. No ano seguinte, em 1942, foi criado o Projeto Mannhattan, sob a chefia científica do físico Julius Robert Oppenheimer, um brilhante físico nuclear, com o fim de engenhar-se uma arma atômica no laboratório de Los Alamos no deserto do Novo México, EUA. A decisão de lançá-la sobre o Japão foi tomada pelo presidente Harry Truman (visto que Roosevelt havia falecido em maio de 1945). A primeira delas foi jogada no dia seis de agosto sobre a cidade de Hiroshima, provocando a morte de 130 a 200 mil pessoas.
A outra, a segunda, foi lançada três dias depois sobre Nagasaki, matando umas 80 mil pessoas. No dia dois de setembro, a bordo do “USS Missouri”, ancorado na baía de Tóquio, o general Douglas Mac Arthur, comandante supremo dos aliados no fronte do Pacífico, aceitou a rendição incondicional do governo japonês, por meio dos representantes do príncipe Higashikuni. Com a capitulação da Alemanha nazista em oito/nove de maio e a do Japão em dois de setembro de 1945, encerrou-se a mais longa e terrível guerra deste século. Durou seis anos, sendo travada em quase todos os continentes, oceanos e mares, e provocou a morte de 50 milhões de seres humanos.
ALGUNS DADOS DO DIA D
Aliados
Comandantes:
- Bernard Montgomery (forças terrestres);
- Bertram Ramsay (forças navais);
- Trafford Leigh-Mallory (forças aéreas).
Força:
326.000 soldados (aproximadamente);
37.000 mortos;
172.000 feridos/desaparecidos.
Principais armas:
Rifle Springfield Sniper;
Sub-Metralhadora SMG Thompson;
Metralhadoras .30;
Torpedos Bangalores;
Lança-chamas;
Granadas MKII;
Rifles M1 Garand;
Pistolas Colt 45;
Petardos de TNT.
Eixo
Comandantes:
- Gerd von Rundstedt (OB WEST);
- Erwin Rommel (Heeresgruppe B).
Força:
400.000 soldados (aproximadamente);
200.000 mortos/feridos;
200.000 capturados.
Principais armas:
Sub-Metralhadora MP-40;
Metralhadora MG-42;
Rifle Kar-98;
Morteiros de 20 e 30mm;
Armas Anti-Navais;
Granadas Modelo 24 (“Stielhandgranate 24”);
Pistolas Luger;
Rifle de assalto StG44;
Minas Terrestres (Tellermines);
“Porcos-espinho”.
OUTROS LOCAIS
Praia de Utah
Utah era o nome de código para a praia a mais distante à direita das cinco áreas de desembarque na Normandia. Localizada na costa oriental da base da península de Cotentin, era uma adição às áreas inicialmente programadas para a invasão. A área de desembarque de Utah era aproximadamente 5 quilômetros e estava ao noroeste do estuário de Carentan. Comparando as fortificações Alemãs na Praia de Omaha e as defesas em Utah, compostas de posições fixas de infantaria, as últimas eram escassas, e imediatamente atrás da área de desembarque foram inundadas e restringiram severamente o avanço terrestre. As forças defensoras consistiam em elementos das 709ª, 243ª, e 91ª divisões de infantaria Alemã.
Os setores de assalto na praia de Utah foram designados (de oeste a leste): Tare Green, Uncle Red, and Victor. A invasão foi planejada para o Tare Green e o Uncle Red, com a saída número 3 quase no meio da área de desembarque. A “hora h” foi programada para as 06:30 horas. A praia deveria ser assaltada pela 4ª divisão da infantaria dos Estados Unidos. O objetivo era cruzar a praia e tomar o controle das estradas da costa, estabelecer a ligação com as tropas aerotransportadas que tinham aterrado cinco horas antes, e preparar então para atacar Cherbourg.
O desembarque foi feito na praia errada, e devido às fortes correntes, e à fumaça do bombardeamento aliado que obscurecia a área, a força aterrou à 1.800 metros da área designada, no setor menos defendido.
O comandante da divisão, brigadeiro general Theodore Roosevelt Jr., apercebeu-se rapidamente do erro. Expressando sua famosa observação, “We will start the war from here!”, deu então ordens para a divisão avançar. Três horas mais tarde, as saídas 1, 2 e 3 tinham sido ocupadas, e por volta das 12.00 horas, os aliados já haviam estabelecido contato com os paraquedistas da 101ª divisão perto da cidade de Pouppeville. Ao fim do dia, a 4ª divisão tinha avançado aproximadamente 6,5 quilómetros, e suas unidades mais avançadas estavam a uma milha da 82ª aerotransportada perto de Sainte-Mère-Église.
Vinte mil tropas e 1700 veículos motorizados tinham desembarcado na praia de Utah com muito poucas baixas, menos de 300 homens. Os Alemães não tinham contra-atacado o assalto, devido ao sucesso das tropas aerotransportadas, e também à confusão entre os comandantes Alemães a respeito de onde o ataque principal estava a ocorrer, no entanto, estavam em posição a contra-atacar na península de Cotentin no fim do Dia D.
Praia Juno
Juno era o nome de código para a segunda praia á esquerda das cinco áreas de desembarque para a invasão da Normandia. A praia tinha aproximadamente 10 quilômetros e estava perto de Courseulles-sur-Mer, Bernières e Saint-Aubin, com dunas de areia fortificadas pelos Alemães. O perigo inicial para os invasores em Juno, não eram os obstáculos Alemães, mas os recifes, estes forçaram o desembarque na manhã mais tarde do que desejada.
A hora h foi marcada para as 07:45 horas, de modo que o desembarque se pudesse cancelar caso a maré não o permitisse. Os elementos da 716ª divisão de infantaria Alemã, particularmente o 736º regimento, eram responsáveis pela defesa da área. A praia de Juno era parte da área da invasão atribuída ao 2º exército Britânico, sob ordens do General Miles Dempsey.
A praia foi dividida pelo comando aliado em três sectores: Love a oeste, Mike (secções Red e White), Nan (secções Red, White, e Green) a este. Deviam ser conquistadas pela 3ª divisão da infantaria Canadiana, pela 7ª brigada em Courseulles e pela 8ª brigada em Bernières no sector de Nan. Os objectivos da 3ª divisão no Dia D eram, cortar a estrada de Caen-Bayeux, ocupar o aeroporto de Carpiquet a oeste de Caen, e estabelecer uma ligação entre as duas praias Britânicas de Gold e Sword em ambos lados da praia de Juno.
A primeira leva de assalto desembarcou as 7h55, 10 minutos após a hora H mas três horas após a melhor maré, este atraso pôs os Canadenses numa situação difícil, os obstáculos da praia foram parcialmente submergidos, e os sapadores eram incapazes de desobstruir trajetos para a praia. Aproximadamente 30% dos barcos de desembarque em Juno foram destruídos ou danificados.
No início não houve grande resistência, porque as posições Alemãs não tinham as suas armas apontadas para o mar. Os soldados Canadenses contornaram os obstáculos mas foram dar às zonas de matança, a primeira vaga sofreu grandes baixas. A companhia B dos Royal Winnipeg Rifles foi reduzida a um oficial e a 25 homens quando se moveu para a proteção que oferecia a escarpa. Nas equipes de assalto, a possibilidade de se transformar numa baixa nessa primeira hora era quase de 1 para 2. Ao meio da manhã, depois de lutar duramente, a cidade de Bernières estava nas mãos Canadenses, pouco depois Saint-Aubin era ocupada.
A 3ª divisão tinha-se ligado à 50ª divisão britânica da praia Gold a oeste, mas a este os Canadenses eram incapazes de fazer o contato com a 3ª divisão Britânica na praia Sword, deixando uma abertura de 3 quilômetros em que os elementos da 21ª divisão Panzer contra-atacaram. Os Canadenses sofreram 1.200 baixas das 21.400 tropas que desembarcaram em Juno esse dia, numa relação de 1 para 18.
Praia Gold
Gold era o nome de código para a praia central das cinco áreas de desembarque designadas para a Batalha da Normandia. A praia tinha mais de 8 quilômetros de largura e incluía as cidades costeiras de la Rivière e Le Hamel. Na extremidade ocidental da praia estava a vila de Arromanches, e ligeiramente mais distante a oeste, a cidade de Longues-sur-Mer. As forças defensoras Alemãs consistiam em elementos a 716ª divisão e uma parte do 1º batalhão da 352ª divisão em Le Hamel.
Muitas das posições Alemãs foram colocadas em casas ao longo da costa, com maiores concentrações em Le Hamel e la Rivière. Estas posições eram muito vulneráveis ao ataque naval e aéreo, mas os Alemães contavam com uma grande força de contra-ataque, o Kampfgruppe Meyer, a unidade mecanizada da 352ª divisão localizada na cidade de Bayeux.
Configuração da praia Gold na área da invasão atribuída ao 2º exército Britânico, sob o comando do general Miles Dempsey. Os setores de desembarque na praia, foram designados (de oeste a este) How, Item, Jig (com as secções Green e Red), e King (com também duas secções, Green e Red). O assalto devia ser realizado pela 50ª divisão de infantaria Britânica. A praia era bastante larga para que duas brigadas desembarcassem. Os objetivos da 50ª divisão eram, cortar a estrada Caen-Bayeux, conquistar um pequeno porto em Arromanches, estabelecer ligação com os Americanos na praia de Omaha a oeste em Port-en-Bessin, e também com os Canadenses na praia de Juno a este.
A hora h na praia Gold foi marcada para as 07:25 horas, uma hora mais que os desembarques programadas nas praias Americanas devido ao sentido da maré. Dos primeiros veículos blindados que desembarcaram na praia; 20 deles tocaram em minas, e sofreram alguns danos. Felizmente para os Ingleses, não havia artilharia pesada Alemã na praia, e a resistência da infantaria era ineficaz, (a maioria dos pontos fortes Alemãs tinham sido anulados pelo bombardeio da manhã). la Rivière resistiu até ás 10:00 horas, e Le Hamel estava nas mãos Britânicas à meia tarde. Entretanto, o 47º de comandos Britânicos em Arromanches e Longues progredia para oeste, para Port-en-Bessin. Os canhões em Longues tinham sido postos fora da ação num combate furioso com o cruzador HMS Ajax.
Pela noite de 6 de Junho, a 50ª divisão desembarcou 25.000 homens, tinham avançado 10 quilómetros, e estabeleceram contato com os Canadenses na praia de Juno, não tinham no entanto cortado a estrada de Caen-Bayeux nem conseguiram unir-se com os Americanos na praia de Omaha, mas tinha feito um começo impressionante. Os Britânicos sofreram 400 baixas nesta praia.
Praia Sword
Sword era o nome de código para a praia da esquerda das cinco áreas de desembarque na Batalha da Normandia. Com 8 quilômetros que ia de Lion-sur-Mer a oeste à cidade de Ouistreham, na boca do rio de Orne, a leste. A área tinha muitas casas de férias e estabelecimentos turísticos situados atrás de uma escarpa. Estava também a aproximadamente 14 quilômetros ao norte da cidade de Caen. Todas as estradas principais neste sector do campo Normando funcionavam através de Caen, que era uma cidade chave para os Aliados e também para os Alemães com finalidades de transporte e manobras. Os Alemães fortificaram a área com defesas que consistiam em obstáculos na praia e em fortificações nas dunas de areia.
A defesa da praia foi reforçada com canhões de 75 milímetros em Merville, situados 8 quilômetros a leste do estuário do rio Orne. Eles também tinham canhões de 155 milímetros 32 quilómetros a leste, em Le Havre, além de valas e minas antitanque. Os elementos da 716ª divisão de infantaria Alemã, os regimentos 736º e 125º, junto com forças da 21ª divisão Panzer na vizinhança, eram capazes de participar de operações defensivas ou ofensivas. Por fim, a leste, no rio Dives estava a 711ª divisão.
Na praia Sword, a área de desembarque atribuída ao 2º exército Britânico, sob ordens do general Miles Dempsey, foi dividida em quatro sectores: de oeste para leste, Oboe, Peter, Queen, e Roger. A primeira vaga chegou ás 07:25 horas do Dia D, composta pela 3ª divisão Britânica, com os comandos Franceses e Britânicos unidos. Os elementos do regimento South Lancashire assaltaram o sector de Peter à direita; o regimento de Suffolk assaltou ao centro no sector de Queen; e o regimento East Yorkshire assaltou o sector de Roger à esquerda.
O objetivo da 3ª divisão era progredir através da praia de Sword, passar próximo de Ouistreham ir direito a Caen e ocupar o aeródromo de Carpiquet. Os comandos tinham conseguido seu objetivo mais importante: tinham se ligado às tropas aerotransportadas nas pontes sobre os canais de Orne. No flanco direito os Ingleses tinham sido incapazes de ligar às forças Canadenses na praia de Juno. Às 16:00 horas a 21ª divisão de Panzer lançou o único contra-ataque Alemão sério no Dia D: o 192º regimento de Panzer Grenadier alcançou a praia às 20:00 horas, mas seus 98 tanques foram detidos por armas antitanque e o contra-ataque foi anulado.
No fim do dia, os Ingleses tinham desembarcado 29.000 homens e tinham tido cerca de 630 baixas. Já as baixas Alemãs eram muito mais elevadas, além dos que foram feitos prisioneiros.
Pointe du Hoc
Pointe du Hoc é uma escarpa situada entre as praias de Omaha (setor Charlie) e Utah, um objetivo atribuído aos rangers do exército dos Estados Unidos no Dia D, que escalaram seus penhascos com o objetivo de silenciar as peças de artilharia aí colocadas e defendidas por elementos da 352ª divisão de infantaria Alemã, e que poderiam bombardear ambas praias americanas. A tarefa de neutralizar a artilharia, e de cortar a estrada que funciona atrás do Pointe de Saint-Pierre-du-Mont a Grandcamp, caiu aos 2º e 4º batalhões dos rangers, comandados pelo tenente coronel James Rudder. As ordens eram, às companhias D, E, e F do 2º batalhão, um ataque ao penhasco escalando-o no Pointe, a companhia C desembarcaria a este para destruir posições dos canhões na extremidade ocidental da praia de Omaha.
Enquanto estes assaltos ocorriam, as companhias A e B, com todo o 5º batalhão, deviam esperar na praia e esperar o sinal de que a escalada do penhasco tinha tido sucesso, se o sinal viesse, deviam seguir e escalar também, se o sinal não viesse, deviam desembarcar na praia de Omaha e atacar o Pointe du Hoc pela parte traseira. As companhias D, E, e F desembarcaram no Pointe ás 7:10 horas, 40 minutos mais tarde do previsto. Eram vítimas de mares pesados e ventos, um dos seus barcos afunda-se, entretanto, os rangers combatiam os alemães no alto dos penhascos em um violento tiroteio, em alguns minutos, o primeiro homem chegava até a parte superior do morro. Os rangers lutaram em pequenos grupos à sua maneira, quando chegaram as casamatas, os canhões não se encontravam lá. Continuaram o combate e cortaram a estrada atrás do Pointe, então uma patrulha de dois homens descobriu os canhões a uns 500 metros do local. Os canhões foram destruídos pelos dois rangers que depois regressavam ás suas posições.
Os outros rangers na praia, não vendo o sinal do Point, desembarcaram na praia de Omaha mas não podiam realizar sua missão de atacar Pointe du Hoc porque ficaram envolvidos na luta desesperada em Omaha. Eram, entretanto, uma chave ao sucesso eventual em Omaha. Embora os relatórios adiantados caracterizassem o ataque no Pointe como um esforço desperdiçado porque os canhões alemães não estavam lá, o ataque estava de fato altamente bem sucedido. Pelas 09:00 horas, os rangers no Pointe tinham cortado a estrada atrás e tinham posto os canhões fora da ação. Eram assim a primeira unidade americana para realizar sua missão no Dia D com o custo de metade da sua força de combate. Para o fim do dia ocupavam apenas um pequeno pedaço de terreno nas alturas do Pointe, os Alemães contra-atacavam. Os rangers resistiram dois dias até que a ajuda chegou.
VOCÊ SABIA?
- Após o ataque à Praia de Omaha, os exércitos Aliados mandaram mensagens falsas que diziam que o ataque seria à zona de frotas alemãs. Os Nazistas interceptaram a mensagem, e acreditando na mentira Aliada, ficaram dias esperando o ataque no local desejado. Como o ataque nunca poderia ter ocorrido, as Tropas Aliadas puderam infiltrar-se ainda mais no território nazista.
- Durante o ataque, alguns Tanques DD ficaram com medo de desembarcar na praia junto com os soldados, desembarcando antes da zona prevista. Ao realizarem tal operação, acabaram afundando nas águas frias da praia.
- Devido a alguns pilotos novatos da Airborne, soldados das divisões 101 e 502 saltaram antes da zona prevista. Alguns desses soldados foram mortos por nazistas, enquanto outros foram feitos reféns.
- Além do desembarque nas praias da Normandia e os saltos de paraquedistas, Houve ainda um ataque britânico à Ponte Pegasus, na qual os britânicos teriam jogado inúmeros bonecos com paraquedas para confundir os alemães, que atiraram nos bonecos, pensando que eram paraquedistas saltando em grande número.
- Desde o início da guerra os estrategistas aliados perceberam o valor das explorações de reconhecimento das praias em mãos dos inimigos. Para tanto eles criaram os batalhões de reconhecimento. Originalmente, uma unidade vinculada a Marinha de Guerra, por volta de 1944 eram todos da marinha e voluntários. Os observadores e combatentes foram treinados em nado de longa-distância, manejo de pequenos botes e no uso de armas e explosivos. Eles usaram barcos de borracha e um tipo de caiaque chamado Folboat para vasculhar a orla sem ser vistos.
- Nas semanas que antecederam o Dia D, os grupos de observação e de invasão visitaram várias praias da Normandia, para conferir detalhes como o tipo de areia, para ver se ela poderia segurar os tanques, ou verificar a localização dos obstáculos de metal e das minas montadas nos postes de madeira. Eles verificavam a profundidade das águas e a velocidade da correnteza, e escapavam pelo mar, muitas vezes nadando milhas até onde ficavam ancorados os caiaques, antes de remar silenciosa e suavemente à espera dos barcos a motor que os levariam de voltar para suas bases na Inglaterra.
- Os observadores e combatentes treinaram ao lado de outras equipes especiais tais como as unidades de combate naval de demolição, cuja especialidade era detonar os obstáculos na praia: ouriços de aço soldado, barreiras e outras armadilhas que impediam o desembarque dos equipamentos de combate.
- Assim que os lanchões de desembarque se aproximavam das praias de Omaha e Utah, em 6 de julho de 1944, eram guiados pelos grupos de observação e combate que tripulavam as embarcações de controle. Um dos capitães desses barcos na costa de Omaha era o tenente Phil Bucklew, que viu que as condições do mar estavam especialmente perigosas para o desembarque dos tanques anfíbios duplos dos lanchões por várias milhas através do mar. Infelizmente, seu relato via radio foi ignorado. A maioria desses tanques anfíbios lançados em direção a praia de Omaha afundou, muitos deles levando a tripulação ao fundo das águas rasas, mas mortais, da Baía do Seine.
- Outras equipes estavam próximas das praias em lanchões equipados com metralhadoras gêmeas calibre 50 e 30 e foguetes montados em cavaletes. Seu trabalho era dar cobertura para os lanchões conforme estes se aproximassem das praias.
- Nas águas perto da linha de maré na praias de Omaha, NCDUs trabalhavam com equipes da marinha dos Batalhões de Engenharia de Combate 146 e 299, colocando explosivos contra os obstáculos e abrindo oito clareiras através da praia. Eles tinham treinado juntos antes da invasão e estavam articulados para a operação como parte da Força-Tarefa Especial de Engenheiros que chegou à praia cinco minutos depois que o desembarque do primeiro lanchão atingiu a costa. Os NCDUs cumpriram seu papel a um custo altíssimo. Foram com frequência atrapalhados por soldados que tentavam usar os obstáculos como abrigo durante o fogo pesado da artilharia alemã. Os NCDUs da praia de Omaha perderam 31 homens e 60 ficaram feridos, de um total de 180 combatentes. Posteriormente eles receberam uma menção presidencial.
- Na praia de Utah, onde a artilharia era muito menos intensa do que na praia de Omaha, o NCDUs perderam apenas 6 homens e 22 ficaram feridos. Lá, as equipes da marinha trabalharam com homens do esquadrão de demolição dos Batalhões de Engenharia de Combate 237 e 299 e limparam a praia de todos os obstáculos de concreto e metal. No final do dia eles puderam dispor de 1.600 jardas de praia aberta para desembarque seguro. Foi um feito inigualável, que permitiu à Marinha desembarcar.
- O uso pela Marinha de Observadores e Combatentes, NCDUs e outros grupos para operações especiais incluindo as equipes de demolição submarina, na Segunda Guerra Mundial, levou ainda a criação de uma unidade especialmente destinada a lidar com missões secretas envolvendo terra e mar. Chamados de SEALs (iniciais de Sea (mar), Air (ar) e Land (terra), eles são uma das forças de elite militar dos Estados Unidos, hoje. Conforme relata Don Crawford, seu historiador, elas estão “mais ocupadas do que nunca respondendo as chamadas do 911 ao redor do mundo”.
Países envolvidos: Reino Unido, Estados Unidos, Canadá e Alemanha;
Locais envolvidos: Praias de Omaha, Utah, Juno e Sword, Point Du-Hoc, Saint-Mère-Eglise e Saint Marie du Mont.