A História da Segunda Guerra

A maior das guerras mundiais iniciou-se em 1º de setembro de 1939, quando os alemães, liderados por Adolf Hitler, invadiram a Polônia. A guerra se estendeu até quase o final de 1945, quando os países remanescentes do eixo se renderam.

Tratado de Versalhes criou as condições ideais para a germinação do nacional-socialismo (nazismo) alemão e a ascensão de Hitler ao poder, em 1933, pois a Alemanha estava vedada a remilitarização, o rearmamento e a expansão, continuando assim, dividida* e humilhada, além de ter uma economia bastante danificada há poucos anos atrás.

* Pois, no Tratado de Versalhes, a Polônia dividiu a Alemanha em duas partes pelo chamado “Corredor Polonês”.

O nazismo toma o poder com violência, elimina as discussões internas com métodos violentos e combate a divisão do mundo produzida pela Primeira Guerra, quando os mercados mundiais são repartidos entre França, Bélgica, Reino Unido, Holanda, Itália, Japão e Estados Unidos. Na verdade, essa guerra é uma continuação da “Guerra do Kaiser”, a primeira guerra, de 1914 a 1918. Esta foi a segunda tentativa alemã de alcançar suas aspirações nacionais: a hegemonia da Europa e posteriormente, o mundo.

A política alemã não deixa dúvidas quanto aos desejos de Hitler: o carvão e o ferro da Sibéria, o petróleo da România e do Cáucaso, o trigo da Ucrânia e, especialmente, o reordenamento do mundo colonial.

A Europa após a Primeira Guerra

Como no ano de 1925 as potências europeias reuniram-se em Locarno para assinar o Tratado de Versalhes. A falsa paz que reinava no mundo pós-Locarno foi rompida, não pela Alemanha, mas sim no Oriente, quando o Japão invadiu a China em 1931.

Na Europa, a paz ainda era mantida precariamente pela Liga das Nações, a antiga ONU. No entanto, mesmo depois de Hitler subir ao poder como chanceler da Alemanha, em 1933, ainda havia uma tentativa da Liga de buscar soluções coletivas para a manutenção da paz, pois o poderio nazista ainda não havia se revelado. Isso até 1934.

Mas o pano de fundo dessa paz precária era bem outro. A subida de Hitler ao poder alemão estava claramente vinculada aos grandes consórcios capitalistas alemães: as grandes usinas da Krupp, uma poderosa fabricante de armas, passaram a receber importantes encomendas dentro do plano de reconstrução do exército alemão. Também a indústria química I.G. Farben recebia encomendas para a produção de gasolina e borracha, transformando-se (na época) na maior empresa química do mundo!

Reação mundial ao nazismo

As potências ocidentais têm uma posição hesitante em relação ao nazismo. Pressentem o perigo representado por Hitler, mas permitem o crescimento da Alemanha nazista como forma de bloquear a União Soviética.

No ano de 1935, Hitler anunciou publicamente o que já havia sendo feito às escondidas: a Alemanha retomaria urgentemente um programa de rearmamento e recrutamento militar obrigatório. Mas nada mais os espantava: todos já esperavam a guerra.

Origens do Eixo

Itália e Alemanha têm regimes políticos semelhantes, mas o que mais as aproxima é o limitado espaço territorial de que dispõem e a acirrada competição pelos mercados estrangeiros. Logo após a Primeira Guerra, algumas nações são favorecidas no plano internacional. É o caso do Reino Unido e da França, donos de vastos impérios coloniais; dos Estados Unidos, que avançam rapidamente na disputa pelo mercado mundial; e da União Soviética, rica em recursos naturais e em acelerado processo de desenvolvimento. Já Alemanha, Itália e Japão situam-se em uma área de 4 milhões de quilômetros quadrados e possuem uma população superior à do Reino Unido e Estados Unidos, somados. Assim, o Japão pretende dominar a Ásia; a Itália ocupa a Albânia e a Abissínia (Etiópia); a Alemanha militariza a Renânia, em 1936, e anexa a Áustria, em 1938.

Na Conferência de Munique, em 1938, da qual participaram a França, a Alemanha, a Itália e a Inglaterra, Hitler consegue a cessão dos Sudetos (região da Tchecoslováquia). No ano seguinte, o führer alemão cria o protetorado da Boêmia e anexa o porto lituano de Memel, no mar Báltico. Stalin percebe que as anexações alemãs caminham em direção à União Soviética e firma com Hitler o Pacto Germano-Soviético, em 1939, pelo qual anexa a Lituânia, Letônia, Estônia e parte da Polônia e Finlândia.

E a guerra começa!

Em abril de 1939, Hitler exige a anexação de Dantzig (o “Corredor Polonês”), e a concessão de uma rede rodoviária e ferroviária que cruze a província polonesa da Pomerânia. A Polônia, sem condições de resistir, é invadida por tropas nazistas na madrugada do dia primeiro de setembro. O avanço era rápido: os alemães utilizavam de tropas blindadas, carros de combate e armas muito mais sofisticadas. A Luftwaffe lançava suas terríveis bombas sobre os despreparados soldados poloneses. A velocidade dos ataques alemães era surpreendente. Ainda no primeiro dia, os alemães bombardearam um campo de aviação em Lublinek, próximo a Lodz. Os poucos aviões da Polônia foram destruídos ainda em terra. Daí o nome de guerra-relâmpago (Blitzkrieg).

A movimentação do exército alemão ao iniciar a guerra

O Reino Unido, comprometido com a defesa da Polônia em caso de agressão, declara guerra à Alemanha. Horas depois, é seguida pela França. Até junho de 1940, quando a Itália declara guerra à França e ao Reino Unido, o conflito está restrito aos três países. A Alemanha invade e ocupa a Noruega, a Bélgica, a Holanda e a França.

Domínio alemão

Nesse momento, a Alemanha nazista controla a Áustria, Tchecoslováquia, Dinamarca, Noruega e a maior parte da França. Toda a costa ocidental da Europa pertence ao 3º Reich e não resta nenhuma tropa inglesa no continente. Os ingleses, violentamente bombardeados, dia e noite, resistem aos nazistas. Na Batalha da Inglaterra, no verão de 1940, a aviação inglesa, RAF (Royal Air Force), consegue destroçar os ataques da Luftwaffe (forca aérea alemã).

Ainda em 1940, houve uma mudança no governo inglês: o primeiro-ministro era agora o conservador e combativo Winston Churchill.

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França ocupada

O derrotismo das classes dirigentes francesas impediram, de todos os modos, que a esquerda do país articulasse uma resistência popular armada contra os invasores nazistas. Os conservadores e derrotistas dirigentes da França preferiram curvar-se diante da Alemanha e, no dia 22 de junho de 1940, assinaram o armistício com os nazistas.

Adolf Hitler posando na frente da Torre Eiffel. Paris, França – Junho de 1940

A partir daí, a França foi dividida em duas: a parte norte, incluindo Paris, era diretamente controlada pelos alemães. A parte sul, dominada pelos franceses pró-nazistas – o marechal Pétain e Pierre Laval. Logo após a divisão do país, Pétain, que tinha poderes ditatoriais no país, mudou a capital de Paris para Vichy. Essa parte da França ficou conhecida como a “França colaboracionista”, ou a França de Vichy.

A “França Livre” de De Gaulle

Enquanto isso, um grupo francês, sob a liderança de Charles de Gaulle, retira-se para Londres e apresenta-se como governo alternativo a Vichy. O movimento, chamado “França Livre”, entra em contato com as organizações de resistência aos alemães na França ocupada, a “Resistência”, em busca de apoio nas colônias francesas da África.

Charles de Gaulle, líder do movimento “França Livre”

A vez da Inglaterra

A invasão da Inglaterra estava no topo dos planos de Hitler. O general Jodl, chefe do alto Comando, chegou a anunciar em alto e bom som, em julho de 1940: “A vitória final sobre a Inglaterra é agora uma questão de tempo”. A operação militar alemã levou o codinome de “Operação Leão Marinho” e iniciou-se em 07 de setembro de 1940.

Antes disso, em agosto (mais precisamente, dias 13 e 14), os alemães já haviam tentado invadir a Inglaterra por ar. Mais de 1500 aviões levantaram vôo em direção à Grã-Bretanha. Os Spitfires (aviões ingleses) conseguiram derrubar grandes quantidades de bombardeiros e caças alemães.

Se não fosse a RAF, o desastre poderia ser irreparável: os radares, recém-aperfeiçoados pelos técnicos britânicos, prestaram auxílio vital à Real Air Force na destruição dos efetivos da Luftwaffe. Logo em seguida, os britânicos surpreenderam os arrogantes alemães, bombardeando a “superprotegida” Berlim.

A “Nova Ordem” na Europa

A Alemanha nazista implanta sua “Nova Ordem” nos territórios ocupados, que são explorados segundo os interesses do III Reich. As tropas invasoras apoderam-se dos estoques de matéria-prima e manufaturas e reativam as indústrias paralisadas. Os povos conquistados são obrigados a realizar trabalhos forçados.

Campanha da Rússia

A primeira fase da guerra termina com o ataque alemão à União Soviética, em junho de 1941. Em conseqüência, as divergências ideológicas entre capitalistas e comunistas são colocadas em segundo plano. Hitler invade a URSS porque percebe a impossibilidade de ganhar a guerra no oeste sem uma vitória no leste europeu. Nesse momento, 1 milhão de soldados alemães ocupam os Bálcãs. A Wehrmacht já domina a Romênia, Bulgária e Hungria e conquista a Iugoslávia e a Grécia. A invasão do território soviético é levada a efeito em aliança com a Finlândia, Hungria e Romênia. Com a subseqüente aliança entre a União Soviética e as potências ocidentais, produzida pelo ataque nazista, a Alemanha empenha-se numa guerra em duas frentes, para a qual não está bem preparada. A estratégia da blitzkrieg deixa de ser novidade e despontam contradições no próprio comando nazista.

Defesa de Moscou

No fim de 1941, a defesa de Moscou marca uma das mais decisivas vitórias aliadas. O Exército Vermelho é obrigado a ir buscar diversos comandantes nos campos de concentração, onde estão confinados por ordem de Stalin. Indústrias são transferidas para os montes Urais e os Aliados prestam importante auxílio marítimo e aéreo às forças soviéticas.

Ataque a Pearl Harbor

O ataque japonês * à base norte-americana de Pearl Harbor (Havaí), às 07:45 da manhã de domingo – 07 de dezembro de 1941 – leva os Estados Unidos a declararem guerra ao Eixo e alastra o conflito para quase todo o mundo. Em junho de 1942 o Japão já ocupa a Indochina Francesa e detém a supremacia naval no Pacífico. Em seguida, toma Hong Kong, Malásia, Cingapura, Índias Orientais Holandesas, Bornéu, Filipinas, Andamãs e Birmânia. As duas facções beligerantes estão definidas: os países do Pacto Anticomintern (o Eixo) – Alemanha, Itália e Japão – contra os Aliados – Inglaterra, Estados Unidos, União Soviética e China. A China já se encontra em guerra contra o Japão desde 1931.

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* Para o ataque ao porto, foi criado um código, o famoso “Tora, Tora, Tora”, que em português significa “Tigre, Tigre, Tigre”. Era um código enviado pelo piloto, que usando o rádio do avião, avisava a frota japonesa do sucesso do cumprimento do ataque.

A Segunda Fase da Guerra

Inicia quando o conflito se torna uma guerra de desgaste. O Eixo tenta subjugar a Inglaterra, cortando suas linhas de abastecimento no Atlântico e no Mediterrâneo. As bases de Gibraltar e Malta são constantemente bombardeadas. Em 1940, a Itália fracassa na campanha da África e, na primavera de 1941, os alemães assumem o controle das operações com o Afrika Korps (blindados), comandado pelo general Rommel.Com Rommel, os ingleses sofrem duras perdas e a ameaça nazista continua sobre o canal de Suez e o Egito.

Hitler, entretanto, mais preocupado com a guerra na Europa, não dá o apoio necessário ao Afrika Korps e, em outubro de 1942, as tropas de Rommel são atacadas pelo 8º Exército Inglês, do general Montgomery, em El Alamein, no Egito. Os alemães retiram-se rumo à Tunísia e a operação consuma-se em maio de 1943, quando os norte-americanos desembarcam na região e os Afrika Korps rendem-se incondicionalmente. Cerca de 250 mil soldados alemães e italianos são aprisionados.

Dieppe: um teste para o Dia D

Em abril de 1942, no norte da França, os Aliados fizeram um desembarque no porto de Dieppe. Foi um desastre, pois em pouco mais de três horas, milhares de soldados aliados morreram em uma batalha muito desparelha. Mas não foram somente tragédias: esse desembarque auxiliou os Aliados, porque eles puderam testar a resistência e as defesas dos inimigos, além de descobrirem muitas coisas, como o poder de fogo, número de soldados e resistência do Eixo.

Midway: Uma das maiores batalhas navais

Nenhum dos países beligerantes (que participa da guerra) podia se dar ao luxo de perder um conjunto de ilhas que se situava justamente “na metade do caminho” para os seus respectivos territórios, e que permitiria a partir de sua posse lançar ataques às suas cidades principais.

Estados Unidos e Japão sabiam disso e, em maio de 1942, já se preparando para a luta, Yamamoto, comandante-chefe da esquadra japonesa, recebeu a diretiva em 5 de maio de 1942, ordenando a captura de Midway e certos pontos nas Aléutas. Midway estava localizada a 1.816 km a oeste, com ligeira inclinação para o norte de Pearl Harbor; nela havia uma base aérea de grande importância para ambos os países. Do lado japonês, porém, a razão principal para a complicada operação do almirante Yamamoto eram os porta-aviões americanos, que não foram destruídos no ataque a Pearl Harbor e agora tinham de ser anulados, para impossibilitar o retorno da esquadra americana ao Pacífico. Em outras palavras, a ocupação de Midway era a isca para levar o almirante Nimitz a lançar suas forças mais fracas, contra uma armada japonesa amplamente superior.

Para a realização desse sonho, foi empregado toda a marinha imperial japonesa exceto alguns navios menores. Contudo, era sem dúvida “um adversário formidável”, que contava com cerca de 200 navios, que incluíam: 11 couraçados, 8 porta-aviões de esquadra, 22 cruzadores, 65 destroieres e 21 submarinos. Mais de 600 aviões faziam parte da força, dos quais 407 pertenciam aos 8 porta-aviões da esquadra imperial.

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Em 4 de junho, os aviões dos porta-aviões japoneses, colocariam os aeroportos de Midway fora de combate. No entanto, os japoneses esperavam ansiosamente o momento do encontro com os porta-aviões norte-americanos, porque a principal preocupação de Yamamoto era a destruição dos porta-aviões de Nimitz, que, segundo ele acreditava, seria levado a reagir à investida à Midway lançando os porta-aviões americanos ao combate.

Isto teria sido feito, se Nimitz não soubesse através do serviço de Inteligência Americano de todas as mensagens inimigas, e sabia com isso o que esperar. Sem essa vantagem decisiva, é evidente que as forças de Nimitz não lograriam sucesso na missão de defender as ilhas Midway.

Compreendendo isto, Nimitz despachou as duas forças-tarefas: O Yorktown FT-17 (sob o comando de Fletcher); Hornet e Enterprise FT-16 (sob o comando do Contra-Almirante Spruance), para o nordeste de Midway, de modo que estariam longe do alcance do reconhecimento aéreo japonês – manobra essa que resultou na destruição de três dos oito porta-aviões japoneses, ao custo de um porta-aviões americano destruído, o Yorktown, afundado a 6 de junho por um um submarino japonês, fazendo com isso a balança do poderio naval no pacífico pender para o lado americano pela primeira vez desde Pearl Harbor.

A batalha de Midway foi uma significativa derrota para o Japão, que perdeu um total de quatro porta-aviões de esquadra, um cruzador e cerca de 322 aviões, contra um porta-aviões americano de esquadra, um destróier e  cerca de 152 aviões. Não há dúvida de que a decifração dos códigos inimigos conferiu aos americanos grande vantagem, contudo, os japoneses cometeram vários erros táticos e estratégicos. Um deles foi subordinar tudo à captura de Midway, outro foi revestir o plano de ação a excessiva complexidade.

Acima de tudo, dois erros críticos do ponto de vista tático comprometeram os japoneses: o de atacar com quatro porta-aviões ao mesmo tempo, o que significava que todos estavam envolvidos em operações de pouso e ataque simultâneos, o que os impossibilitou a cobertura por longos períodos de tempo; e a decisão de avançar na direção do inimigo enquanto havia operações de rearmamento em curso, nos porta-aviões.

Os japoneses talvez não se condenaram irremediavelmente em Midway, contudo, a partir daí, as suas possibilidades de vitória se reduziram consideravelmente, o que levou o almirante Nimitz a proferir uma célebre frase: “Pearl Harbor está parcialmente vingado”.

Stalingrado: o início do fim

A campanha de contra-ataque soviético iniciado em Moscou se estendeu até maio de 1942. Os nazistas foram afastados de suas linhas de ataque inicial e as derrotas alemãs diante dos portões russos de Moscou tiveram repercussões importantes: a crença nas forças do socialismo aumentou, enquanto o mito da invencibilidade do exército alemão caiu por terra.

O verão de 1942 foi gasto na organização de novas investidas do exército alemão. Apesar da iniciativa do contra-ataque ter ficado com o exército soviético, a campanha resultou em fracasso. Parecia que Hitler estava recobrando o ânimo e a invencibilidade.

Como a tomada de Moscou não foi possível, Hitler concentrou seus esforços no sul da URSS, em direção ao rio Volga, com objetivos militares e econômicos.

Nessa região situava-se a cidade de Stalingrado, centro de importantes indústrias e de confluências de vias de comunicação com o sul petrolífero, que era, acima de tudo, a cidade de Stalin. Para Hitler, psicologicamente era necessário destruir essa cidade, e Stalin faria qualquer coisa para não entregar a sua cidade ao ditador nazista.

Hitler tomou a decisão em julho de 1942: capturar Stalingrado e todo o rico Cáucaso de uma só vez. Os velhos estrategistas perceberam que isso era impossível, mas Hitler mudou seu quartel-general para a Ucrânia, o ponto mais próximo da frente de batalha, e teve um ríspido diálogo com o general Halder (transcrito por William Shirer):

“Certa vez, quando foi lido para Hitler um relatório objetivo mostrando que, ainda em 1942, Stalin seria capaz de reunir de 1 milhão a 1 milhão e 200 mil soldados novos na região norte de Stalingrado e a oeste de Volga, sem contar o meio milhão de homens na região do Cáucaso, e dava provas de que a produção russa de tanques para as linhas de frente montava, por semana, aproximadamente 1.200 unidades. Hitler lançou-se sobre o homem que estava lendo e, espumando de raiva, proibiu-o de ler qualquer coisa mais sobre tais tolices”.

A arrogante e louca superioridade de Hitler estava o deixando cego e surdo aos relatórios. Para ele, a Alemanha era imbatível e em pouco tempo, a União Soviética estaria derrotada e humilhada aos pés dos senhores germânicos.

Uma poderosa força de blindados dirigiu-se para Criméia e tomou Sebastopol. Seguiram imediatamente para o rio Don para cercar Stalingrado. O Alto Comando alemão pretendia tomar a cidade e, depois, reiniciar o ataque a Moscou. O VI Exército foi encarregado de tomar a cidade, sob o comando de Von Paulus. O avanço de seus tanques parecia ser irresistível. O pânico tomou conta dos soviéticos: a moral dos civis e militares era bastante baixa. Depois disso, o comando soviético, sob comando do general Zukov, recobrou a autoconfiança e se preparou para a defesa.

Embora a velocidade do avanço alemão tivesse diminuído, o cerco de apertava. Ao mesmo tempo, soldados do Exército Vermelho combatiam lado a lado com operários, muitos deles veteranos que haviam lutado naquela mesma cidade durante a guerra civil sob o comando de Joseph Vissarionovitch Dzhugashvili, o verdadeiro nome de Stalin.

Agora, a cidade já não se media em quilômetros, mas sim em centímetros e as ruas não em metros, mas em cadáveres. Para se ter uma ideia, os alemães lutavam quinze dias para tomar uma única casa, e a conquista de uma só rua custava-lhes tanto sangue quando tomar um país europeu inteiro.

No dia 19 de novembro, os alemães receberam a ordem de lançar o ataque final sobre Stalingrado. Nesse mesmo dia, Stalin determinou que se iniciasse a contraofensiva. Agora, o comando-geral estava nas mãos de Zukov, que despontava como um dos maiores estrategistas. Três exércitos começaram a convergir para Stalingrado: 450 tanques T-34 e mais de 2 mil canhões foram utilizados pelos soviéticos para barrar os alemães. Os reforços que von Paulus pedia pelo rádio realmente não conseguiram romper a barreira. Os primeiros a serem postos fora de combate foram os italianos, os romenos e os húngaros.

Um T-34 ARV rebocando um tanque destruído – Batalha de Kursk, julho de 1943

Mas, no campo de batalha, a situação se redefinia: os alemães, que estavam até aquele momento sitiando Stalingrado, passaram a ser sitiados. Stalin ordenou que não atacassem as tropas sitiadas de von Paulus, mas sim contra os exércitos que estavam fora do cerco, afastando-os para além do rio Don.

O general Zeitzel, chefe do estado-maior alemão, pediu permissão a Hitler para autorizar a rendição e salvar os aproximadamente 200.000 homens que restavam. Hitler foi incisivo e disse: “Não deixarei o Volga”, ordenando pessoalmente que von Paulus resistisse. O Exército Vermelho enviou, no começo de janeiro, três oficiais com bandeiras brancas e um documento, oferecendo a rendição:

“A situação de vossas tropas é desesperada. Elas estão sofrendo fome, frio e doenças. O cruel inverno russo mal começou. Geadas, ventos frios e nevascas ainda vos esperam. Vossos soldados não se acham providos de roupas de inverno e estão vivendo em horríveis condições sanitárias… Vossa situação é desesperada e qualquer resistência, ainda, insensata. Em vista disso, a fim de evitar um derramamento de sangue desnecessário, propomos que aceitais os seguintes termos de rendição:
– todos os prisioneiros receberão rações normais;
– tratamento médico aos doentes e feridos;
– conservação de postos e condecorações e pertences pessoais.”

Hitler, tomando conhecimento dessas negociações, ordenou inflexivelmente que era proibida a rendição. Até chegou a promover von Paulus como marechal-de-campo para morrer em um posto mais elevado pela Alemanha. Às 7:45 de 1º de fevereiro, o operador de rádio do quartel-general do VI Exército enviou a última mensagem: “Os russos encontram-se à porta de nosso abrigo. Estamos destruindo nosso armamento.” Não houve luta no quartel-general nos últimos instantes. Paulus e seu estado-maior resistiram até o último homem, como Hitler ordenara, os russos exigiram a rendição e o general Schmidt (chefe do estado-maior do VI Exército) aceitou-a.

Termina então, uma das maiores batalhas da segunda guerra mundial. Dos 250 mil homens restavam apenas 100 mil em péssimas condições de saúde. E, pela primeira vez, um marechal-de-campo alemão caiu prisioneiro. A batalha de Stalingrado significou o ponto mais alto da Segunda Guerra Mundial, ao mesmo tempo que significou a virada definitiva da maré. Essa batalha, juntamente com as atividades no Ocidente e na África, significou o início do fim do Reich de mil anos de Hitler e do grande capital alemão.

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Por ar e por mar

No Ocidente, antes a abertura de frentes mais importantes, as batalhas eram sobretudo travadas pelo ar e pelo mar. Entre 41 e 42, a RAF conseguiu manter Berlim, Colônia, Hamburgo e principalmente a região do Ruhr sob constantes bombardeamentos. Entraram em ação também os famosos B-47 da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), conhecidos como Fortalezas Voadoras. A ação aérea americana e inglesa só foi possível porque grande parte dos efetivos da Luftwaffe estava concentrada na Rússia.

No mar, os Aliados tiveram que enfrentar uma Alemanha nazista muito bem preparada. Em especial, ficou famoso também o couraçado Bismark, o maior já construído durante a guerra. Esse navio da marinha alemã espalhou o terror no mar do Norte, em maio de 1941, afundando o mais importante navio britânico. O Bismark foi afundado depois de um ataque simultâneo da RAF e da marinha inglesa.

Contraofensiva na África e Itália

Em julho de 1943, os Aliados desembarcam na Sicília e, em setembro, avançam até Nápoles. Mussolini é destituído ainda em julho e a Itália muda de lado. Mas, depois, com a ajuda de Hitler, Mussolini instaurou um governo no norte da Itália, pois a região sul já havia sido invadida pelas tropas norte-americanas vindas da Sicília. Tropas alemãs ocupam Roma, o centro e o norte do país, mas a ofensiva aliada toma a capital em junho de 1944 e chega ao norte de Florença em setembro. Em abril de 1945 as forças alemãs na Itália se rendem.

Contraofensiva nos Bálcãs

O avanço soviético chega a Romênia no início maio de 44 e a liberta em setembro. A Bulgária é libertada entre setembro e outubro. Também em outubro, os exércitos guerrilheiros da Iugoslávia passam à ofensiva, com o apoio de tropas soviéticas. Na Albânia e na Grécia, os guerrilheiros realizam levantes e forçam a retirada das tropas alemãs durante o ano de 1944.

O Dia D

O general Dwight Eisenhower já fizera um teste para o Dia D que foi um fracasso (Dieppe), mas agora, eles já tinham outras ideias em mente. Fizeram vários testes, dois espiões aliados chegaram a coletar areia de uma parte da praia para verificar quão sólida era para os tanques passarem. Imaginou-se também que os soldados não poderiam desembarcar pelos lados do barco, isso era totalmente fatal. Então, descobriram em New Orleans, um americano renegado chamado Andrew Jackson Higgins, que construía barcos. Ele e seus arquitetos modificaram seus barcos Eureka colocando rampas frontais, para facilitar a saída de soldados e carros dos barcos. Eles ficaram conhecidos como LCVP, ou simplesmente, barcos Higgins.

Em 6 de junho de 1944, o famoso Dia D, sob o comando do general Einsenhower, é concretizado o ataque estratégico que daria o golpe mortal nas forças nazistas que ainda resistiam na Europa. Na chamada Operação Overlord (“Supremo Senhor”), que contou com 200.000 tropas aliadas, cinqüenta e cinco mil soldados norte-americanos, britânicos e canadenses desembarcam nas praias da Normandia (noroeste da França), na maior operação aeronaval da História, envolvendo mais de 5 mil navios (estes, que viajaram mais de 10 horas para chegar à França) e mil aviões. Os americanos receberam como missão duas praias francesas, sob os codinomes de Omaha e Utah. Já os canadenses e ingleses ficaram com outras três: Sword, Gold (ingleses) e Juno (canadenses)Os combates são pesados, com numerosas baixas, até 27 de junho, quando o 1º Exército norte-americano toma o porto de Cherbourg.

Mapa de ataque em Omaha, um dos principais pontos de ataque aliado (norte-americano) no Dia D

Em 9 de julho forças britânicas e canadenses entram em Caen, abrindo caminho para a passagem de tanques pelas defesas alemãs. Paris é libertada em 26 de agosto, e Bruxelas em 2 de setembro. A fronteira alemã anterior ao início da guerra é cruzada pelos Aliados em Aachen em 12 de setembro. A Bélgica podia ser considerada livre do domínio nazista e p mesmo acontecia com a Holanda. Ao mesmo tempo, os Aliados lançam bombardeios aéreos pesados contra cidades industriais alemãs. No início de 1945 os soviéticos (pelo leste) e os norte-americanos e britânicos (pelo oeste) fazem uma verdadeira corrida para ver quem chega primeiro a Berlim. De todas as tropas que desembarcaram, mais de 20.000 caíram nas linhas inimigas.

Leia um especial sobre o Dia D

Confira as estratégias usadas no Dia D

Guerra no Pacífico

A situação também se inverte com a vitória das tropas norte-americanas na batalha naval de Midway e em Guadalcanal, em 1942. Os Estados Unidos partem para a reconquista da Ásia. No Pacífico central, os norte-americanos conquistam as ilhas Aleutas, Gilbert, Marshall e Marianas entre maio de 1943 e março de 1944 e as Filipinas entre outubro de 1944 e fevereiro de 1945. A Birmânia (atual Mianmá) é reconquistada entre o final de 1944 e o início de 1945 por tropas britânicas, norte-americanas e chinesas. Em fevereiro de 1945 ocorre o primeiro desembarque norte-americano no Japão, na ilha de Iwo Jima.

A agonia alemã

No começo de 1945, os americanos, sob comando de Eisenhower, reiniciaram a ofensiva na frente ocidental. A travessia do rio Reno tornou-se bastante difícil com a destruição das pontes; mesmo assim os Aliados avançaram e retomaram importantes regiões e cidades da Alemanha, tal como Stuttgart. Finalmente os Aliados alcançaram o rio Elba, distante 100 quilômetros ao sul de Berlim. Na Itália, a resistência alemã foi quebrada pelo aliado que a derrotou nos Alpes com a ajuda de guerrilheiros antifascistas. Em fins de abril, Mussolini tentou fugir – depois da falência da sua República de Saló -, mas na fronteira com a Suíça, foi reconhecido por um grupo de guerrilheiros que o prendeu, submetendo-o a julgamento e depois, fuzilamento.

Enquanto isso, um clima de insanidade e demência tomava conta da Alemanha nazista, que agora estava toda em Berlim. Hitler e os membros da alta cúpula meteram-se nos fortificados porões da chancelaria. Essa fortificação ficou conhecida como Bunker.

Um bunker alemão modelo 583a / M 178. Usado como posto de controle para baterias de fogo médias e pesadas. Fica em Heerenduin, Países Baixos.

Goebbels passava a noite lendo para Hitler a passagem da Guerra dos Sete Anos, onde enfatizava o “milagre” que salvara a Prússia. Na noite, de 13 de abril de 1945, Goebbels, voltando do Ministério da Propaganda para o abrigo, recebeu a notícia da morte de Roosevelt. Ele ficou exultante e correu entre os destroços e prédios em chamas de Berlim para dar a notícia ao Führer.

No dia 28 de abril, a chancelaria foi acordada com uma notícia bombástica: o cerco de defesa de Berlim havia sido rompido em quase todos os pontos e os russos dominavam quase toda a cidade. Uma estranha atmosfera tomou conta da chancelaria. Hitler casou-se com sua amante, Eva Braun, pouco antes da queda do Reich. Em seguida, ditou seu testamento, onde constava que Goebbels passava a ser o chanceler, mas o poder militar ficava nas mãos do almirante Doenitz. O clima macabro aumentou quando chegou a notícia da morte de Mussolini e de sua amante. Hitler e Eva fizeram um pacto de morte.

No dia 30 de abril, ouviu-se um tiro vindo dos aposentos do Führer. Se suicidara com um tiro e Eva, com veneno. Os oficiais da SS enrolaram os corpos em um tapete e os levaram ao pátio, onde iniciaram a incineração dos dois com gasolina, mas os soviéticos chegaram antes da queima total dos cadáveres.

Depois da morte de Hitler, Goebbels e Bormann tentaram contatos com o Ocidente para uma gestão de paz em separado, que foram frustrados. Os soviéticos só aceitariam qualquer conversação depois da rendição incondicional. Às 5 horas da manhã do dia 02 de maio, em Reims, o general Weidling entrou em contato com as forças soviéticas e aceitou a rendição. A notícia foi transmitida pelos alto-falantes aos soldados. A população começou, cautelosamente, a deixar os porões, esgotos e redes de metrôs. Filas de famintos cidadãos de Berlim formavam-se para receber alimentos dos soldados soviéticos.

A guerra não acabou

No Pacífico, a guerra prosseguia: os EUA enfrentavam um Japão totalmente resistente. Eles recorriam às mais variadas formas para deter os americanos. Uma das mais conhecidas foi a dos kamikazes. É como são chamados os aviões japoneses carregados de explosivos e dirigidos por um piloto suicida que com ele se atira sobre o alvo inimigo. Foram usados pelo Japão principalmente no final da guerra e o avião levava o nome do piloto. O nome kamikaze vem da expressão “furacão divino” e é como os japoneses chamam as duas tempestades que em 1274 e 1281 destruíram frotas de invasores mongóis, livrando o país da guerra.

Em 06 de agosto de 1945, um bombardeiro americano chamado Enola Gay soltou a primeira bomba atômica sobre Hiroshima, que desceu suavemente de paraquedas sobre a cidade. Faltando 500 metros para atingir o solo, a bomba foi detonada, deixando mais de 100 mil mortos e 100 mil feridos. A partir de 08 de agosto, tropas soviéticas expulsam os japoneses da Manchúria e da Coréia e ocupam as ilhas Kurilas e Sakalina.

Em 09 de agosto é lançada a segunda bomba atômica, dessa vez sobre Nagasaki, com saldo de vítimas semelhante ao de Hiroshima. Milhares morreriam ainda muitos anos depois, por consequência das doenças incuráveis causadas pela radiação da bomba. O próprio Churchill questionou a eficácia militar das bombas. O ato americano foi considerado pela maioria da opinião pública, um ato de crime de guerra. Até a imprensa fez severas críticas ao ataque.

Depois da explosão das duas bombas, o Japão concordou com a rendição incondicional, que foi assinada no dia 02 de setembro de 1945. Ufa, agora sim, a guerra terminou!

Leia o relato de um sobrevivente de Hiroshima

O Julgamento de Nuremberg

Com exceção de Hitler, Goebbels e Himmler, que haviam se suicidado, os três mais altos comandantes militares foram indiciados: Doenitz, Keitel e Jodl. Ainda: Hermann Göering, o segundo homem depois de Hitler; Julius Streicher, o fanático propagandista antissemita; Ribbentropp, o ministro de relações exteriores alemão; Albert Speer, o ministro de Armamentos e Munições, e alguns outros líderes nazistas. Dos 199 alemães indiciados, 25 são condenados à morte, 20 à prisão perpétua e 97 a penas mais curtas de prisão. São absolvidos 35. No julgamento principal, de 1945 a 1947, os réus são os 22 principais líderes nazistas capturados. Dez deles são executados por enforcamento na madrugada de 16 de outubro de 1946; o marechal Hermann Göering consegue suicidar-se com veneno em sua cela poucas horas antes.

Leia mais sobre o Julgamento de Nuremberg

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