“O Holocausto consistiu em pôr em prática um plano de genocídio da população Judaica.”
“Holocausto” é uma palavra de origem grega que significa “sacrifício pelo fogo”. O significado moderno do Holocausto é o da perseguição e extermínio sistemático, apoiado pelo governo nazista, de cerca de seis milhões de judeus.
Em 1933 a vida dos judeus era normal e estável, ou seja, iam à escola, iam ao teatro, ao cinema, tinham os seus negócios e tudo que um cidadão alemão fazia.
No mesmo ano, em 30 de Janeiro, Hitler chega ao poder como Chanceler da Alemanha. Ressentido pela humilhação do Tratado de Versalhes (pois a Alemanha foi obrigada a pagar elevadas indenizações, perder colônias, não poderia ter exércitos nem qualquer tipo de fortificações e, como qualquer outro país, estava em dificuldades depois da Depressão), Hitler prometeu “rasgar” o Tratado e acreditava na superioridade da raça Ariana.
Com a subida de Hitler ao poder estava instalada na Alemanha uma ditadura absoluta, que era alimentada por uma ideologia nazi racista (só existe uma raça superior – a raça ariana. As outras raças eram um fator de perturbação na sociedade e haveria que destruí-las, ou então teriam de servir a raça superior), com isto começa uma perseguição aos Judeus.
As SS haviam sido criadas como guarda pessoal de Hitler e seriam a vanguarda do movimento nazi para confirmar o povo alemão como raça superior. Himmler, o chefe das SS, pediu aos alemães que seguissem as teorias genéticas nazis e melhorassem a raça. O Estado concedia empréstimos para encorajar os casais a terem mais filhos e as mães com muitos filhos recebiam medalhas.
Os judeus começam por ser obrigados a registrarem-se e a usar uma ligadura com uma estrela de Davi amarela no braço, para não se confundirem com a raça Alemã e para mais facilmente serem identificados.
Pelas ruas Alemãs vêem-se as primeiras frases contra os judeus como: “Nicht für Juden”, (interditado para judeus) ou “porcos Judeus”. Estes vêem a sua vida a entrar num beco sem saída, pois são constantemente perseguidos, humilhados e mal tratados na rua. Por exemplo, os alemães iam buscar raparigas judias a casa e obrigavam-nas a esfregar as ruas, escolhiam homens ao acaso e espancavam-nos à frente de todos os Alemães, que se limitavam a assistir.
Os judeus que tinham possibilidades tomavam as devidas precauções para conseguir sair do país. Quanto aos outros, teriam que se sujeitar ao domínio de Hitler.
Em 1933/35 são publicadas as leis raciais e são retiradas as lojas e negócios dos judeus, os médicos são proibidos de exercer a sua profissão, nenhum judeu pode ter um cargo político e é lhes retirado o direito de cidadão, ou seja, não são considerados cidadãos alemães.
Em 1938 dá-se a “Kristallnacht”, (Noite de Cristal), mais de 200 sinagogas são destruídas, 7.500 lojas fechadas, 30.000 judeus do sexo masculino enviados para campos de concentração. Neste mesmo ano, foram construídos os primeiros guetos na Alemanha, onde isolavam os judeus do mundo exterior (separados por um muro). Cerca de 600.000 judeus morreram em guetos com fome e doenças.
Hitler decide então começar a eliminar em maior número os judeus. Para isso os Einsatzgruppen capturavam e levavam os judeus para valas, onde eram obrigados a despirem-se, para em seguida serem mortos a sangue frio. Nestes momentos a dor, o choro, os gritos e os tiros misturavam-se no ar. É então que em 1941 se encontra a “Solução Final”.
Os Judeus eram capturados e levados em comboios para os campos de concentração. O que ficou mais conhecido foi o de Auschwitz. Mas muitos deles não conseguiam chegar com vida, pois morriam com doenças e fome, porque a viagem era muito longa e as condições higiênicas não eram as melhores, visto que viajavam em vagões para o gado, apinhados e só havia um balde para as necessidades. Não havia água nem alimentos. Com isto muitos judeus morriam ou adoeciam. Quanto aos outros (aqueles que agüentavam a viagem) não sabiam para onde iam nem o que os esperava embora lhes tivesse sido dito quando embarcaram nos comboios que iam emigrar para trabalhar no Leste da Europa.
Chegados aos campos eram separados por filas de mulheres, outras de homens e de crianças. Aqueles que estavam em condições físicas iriam trabalhar, os outros seriam imediatamente mortos. Os judeus eram levados para as câmaras (parecidos com banheiros coletivos) onde se despiam, imaginando que fossem somente tomar banho, e em seguida eram mortos com gás. Depois, os corpos iam para crematórios ou então fazia-se algumas atrocidades, como utilização da pele para candeeiros ou experiências médicas com as crianças. Os que não eram mortos, tinham todos os pelos do corpo depilados, levavam um banho de um tipo de desinfetante que queimava a pele e depois eram selecionados pelo próprio Dr. Mengele para trabalhar ou sofrer as experiências médicas.
Nos campos de concentração nazistas foram mortos cerca de 6 milhões de judeus,
centenas de milhares de poloneses, ciganos, homossexuais, portadores de transtornos e deficiências mentais, além de inimigos do regime, como socialistas e anarquistas.
Anexo: Trechos do livro “O Sobrevivente”, de Alexander Henryk Laks
“(…) A entrada do exército alemão em Lodz foi acompanhada por atos de violência e terror. (…) Os judeus religiosos eram reconhecidos por seus trajes e barbas. Os judeus laicos não eram identificáveis pois se vestiam como os demais e se barbeavam. A tarefa de apontar os judeus para a SS ficou por conta dos poloneses, que se uniram aos alemães desde o início para delatar quem era judeu. Os nazistas pegavam judeus, enforcavam-os em postes de luz e deixavam os corpos expostos. (…) “
“(…) Deveríamos tirar o chapéu, em sinal de reverência, a todo alemão fardado ou a qualquer civil que usasse a braçadeira com o símbolo nazista. Muitas vezes, um judeu tirava o chapéu a um oficial e este lhe dizia:
– Você me conhece?
– Não, não conheço.
– Por que está tirando o chapéu para mim, se não me conhece?
– Por que sou obrigado por lei.
– Se não me conhece, judeu, não tire o chapéu para mim.
E o judeu era espancado. Mas, se um judeu passasse diante de um alemão fardado ou envergando o símbolo nazista e não tirasse o chapéu, era espancado da mesma forma, por não ter tirado o chapéu. (…) Os judeus religiosos tinham a barba arrancada com a própria pele. (…)”
“(…) Ao ver a paisagem pela fresta, disse a meu pai:
– Acho que desta vez não fomos enganados. Olhe como é bonito aqui. Tem até um forno metalúrgico adiante!(…) Eu ainda não sabia o que isso significava, mas nós estávamos em Auschwitz.”
“(…) Chegaram dois homens acompanhados de um oficial. Trouxeram duas garrafas de óleo de rícino e um balde. O oficial subiu num banco e disse:
– Sei que vocês engoliram ouro e brilhantes. É melhor entregarem tudo, caso contrário, vou abrir a barriga de cada um.
O oficial pegou um dos prisioneiros e disse:
– Você aí! Você tem!
O homem respondeu que não tinha nada. O oficial, então, obrigou-o a beber um litro de óleo de rícino. Alguns minutos depois, o pobre homem começou a evacuar sangue – porque já não comia fazia muitos dias – e foi, então, forçado a remexer na gosma de sangue. Em seguida não resistiu e morreu ali mesmo. Puxaram-no pelos pés e o colocaram de lado. Nós estávamos em Auschwitz.(…) Em Auschwitz, havia uma tortura instituída que consistia em vinte e cinco pancadas no traseiro. Era mais um método para produzir a morte, sob qualquer pretexto. Ninguém sobrevivia às vinte e cinco pancadas.(…) O prisioneiro tinha que se colocar em cima de um cavalete, com as mãos amarradas à frente, e eles batiam atrás. Aos primeiros golpes, a pessoa gritava, mas depois de dez pancadas não gritava mais. Os ossos quebrados e esmagados se misturavam à pasta de sangue. Os músculos ficavam tão contraídos, que era difícil retirar o cadáver do cavalete.”
“(…) Em Flossenbürg grassava uma peste que assolou os prisioneiros: a disenteria.(…) Os que ocupavam os vãos inferiores dos beliches amanheciam afogados em fezes e sangue.(…) Meu pai contraiu a doença. Meu pobre e querido pai. Aquele que, além de sofrer por si mesmo, sofria também por mim – e esse talvez fosse o drama maior.(…) Certa vez ele me disse que estava no fim, porque havia expelido os intestinos. Não sei o que é pior: dizer isso ao filho ou ouvir isso do pai.(…)”
“O exército francês não quis saber de nós. Em vez de providenciarem medicação básica, nos davam carvão para comer. Comíamos carvão para conter a diarréia.(…)”