A Muralha Atlântica era um cinturão de fortificações construído pelos Alemães ao longo da costa da Europa Ocidental, entre 1942-44 para repelir uma provável invasão anfíbia Anglo-Americana lançada da Grã Bretanha. Para erguer essa “muralha”, os alemães empregaram Fritz Todt, o engenheiro que desenhou a Linha Siegfried, a Muralha Ocidental ao longo da fronteira franco-alemã, e milhares de trabalhadores forçados para construir as fortificações permanentes ao longo da costa belga e francesa defronte ao Canal da Mancha.
A linha consistia principalmente de casamatas e posições de artilharia enterradas nas encostas dos penhascos ou posicionadas ao longo da costa dos portos e cidades litorâneas. Dela faziam parte maciças fortificações com armamento oculto: filmes das mesmas foram divulgados pelos alemães através dos países neutros num esforço para impressionar seus adversários (embora o número delas fosse na verdade bem pequeno). Na costa sul-sudoeste francesa, defesas similares, porém menores foram erguidas.
A concentração militar aliada no sul da Inglaterra, em 1943, indicou ao Alto Comando alemão que uma invasão estava em preparação. No início de 1944, o Marechal-de-Campo Erwin Rommel foi designado para melhorar as defesas ao longo do litoral francês e belga. Rommel achou as fortificações costeiras existentes inteiramente inadequadas e imediatamente iniciou a melhoria das mesmas. Sob sua direção, uma cadeia de casamatas de concreto reforçado foi construída ao longo da costa ou ligeiramente para o interior, abrigando metralhadoras, canhões antitanques e artilharia leve. Campos minados e obstáculos antitanques foram plantados nas praias , obstáculos subaquáticos e minas foram colocados nas águas litorâneas para destruir as lanchas de desembarque aliadas.
Na época da invasão, os alemães tinham colocado 5.700.000 minas no norte da França. Mais posições de artilharia e campos minados se estendiam pelo interior, ao longo das estradas que partiam das praias. Nas possíveis zonas de aterrissagem para planadores e pára-quedistas, os alemães cravaram estacas inclinadas, que os soldados chamaram Rommelspargel (“aspargos de Rommel”), e riachos e áreas de estuário foram permanentemente inundados.
Quando os Aliados desembarcaram suas forças na Normandia no Dia D – 6 de junho de 1944 – acharam a Muralha Atlântica muito menos formidável do que tinham antecipado. Isto era devido a uma série de razões. Os alemães tinham construído as defesas mais fortes na região do Pas-de-Calais em frente à parte mais estreita do Canal da Mancha e tinham estacionado ali suas melhores tropas; demandas de outras frentes de batalha tinham sugado muitas das tropas alemãs da França; o exército alemão carecia de apoio aéreo e naval; o poder aéreo aliado era tão superior que o movimento das reservas alemães era seriamente limitado; desembarques de tropas aerotransportadas na retaguarda das praias espalharam confusão entre os alemães; e os alemães foram levados a acreditar que a invasão era uma diversão, que um segundo e maior desembarque teria lugar no Pas-de-Calais.
Somente em um das duas praias atacadas por tropas americanas (Omaha) o êxito do desembarque foi ameaçado, em parte por causa do estado ruim do mar, parcialmente por causa da presença casual de uma divisão alemã de elite, e parcialmente por causa da presença de altas encostas por detrás da praia. Paradoxalmente, os Aliados tiveram menos dificuldades com a tão falada Muralha Atlântica do que mais tarde, com as fortificações de campo improvisadas nas cercas vivas da Normandia, muros de terra que os fazendeiros locais tinham erigido ao longo dos séculos ao redor de milhares de campos pequenos irregulares para cercar o seu gado e proteger suas colheitas dos fortes ventos do Oceano.