A Batalha de Moscou

A vida volta ao exército alemão na frente russa. Um a um, como os retardatários reunindo-se à bandeira, os canhões retomam o lugar nos grupos de artilharia e os caminhões nos caminhos da frente. As ferrovias são postas novamente em serviço até Rjev e Mojaisk. Aumenta o moral da tropa. O termômetro, à noite, desce até 15 graus abaixo de zero, mas o frio ensolarado das horas do dia permanece suportável e a idéia de tomar Moscou sustenta a coragem.

Porém, as circunstâncias mudaram profundamente. O Exército alemão ataca no limite do fim de suas forças. Hitler, esqueceu-se de alimentar as vitórias. Faltaram as ondas de reforço, o material sobressalente, as tropas de reserva, os poderosos meios necessários à restauração da retaguarda.

Do báltico ao mar negro, a Wehrmacht emprega na sua suprema ofensiva menos de 1.900 carros blindados e 1.000 aviões. As tropas que se juntaram desde o princípio da campanha se reduzem a 2 divisões blindadas, algumas unidades especiais, um corpo de exército italiano, a Divisão Azul espanhola e três batalhões de voluntários franceses, que receberam o batismo de fogo perto do campo de batalha do Moskova.

A Rússia, pelo contrário, concentrou seus recursos. As fábricas dos Urais trabalham há seis meses sem que uma única bomba diminuísse sua atividade, e as tropas do extremo oriente chegaram à linha de frente.

O ataque começa, em 17 de novembro, com o tempo claro e um frio forte. Os combates são encarniçados. A 2ª Panzer, a noroeste de Moscou, fica estupefata ao ver surgir dos bosques de Volokolamsk toda uma divisão mongol em uma carga de cavalaria. Apesar do valor da resistência, os progressos nas duas alas do ataque são substanciais. Ao norte, o 3° e o 4° Grupamento blindados se aproximam de Klin, atingindo o canal Moscou-Volga.

Ao sul, Guderian combate em uma região com menos florestas, mais povoada, entremeada de aglomerações industriais. Tenta levar seu exército na direção norte, para atravessar o Oka, mas seu flanco direito está descoberto e Tula é um espinho enterrado em seu flanco. Rundstedt tomou, em 21 de novembro, Rostov, porta do Cáucaso. Manstein assedia Sebastopol depois de ter conquistado rapidamente o resto da Criméia. Ao norte, o Grupo de Exércitos Leeb tomou Tichvin.

Em 20 de novembro, antes da estação, uma onda de frio acompanhada de fortes nevascas se abate sobre a Rússia central. O termômetro desce a 30 graus negativos. O 3o° o 4° grupamentos blindados tomam Klin, atravessam o canal Moscou-Volga, cortam a ferrovia Moscou-Leningrado. Guderian deixa seu PC, em Iásnaia Poliana no dia 23 e voa até Orscha, para descrever a situação da frente a Von Bock. Sugere suspender a ofensiva, utilizar os carros blindados como fortins, equipar as retaguardas e, na primavera, tomar Moscou. Bock deixa que ele fale, depois liga o telefone, repete fielmente o que acaba de ouvir. A voz longínqua de Halder responde: “A ofensiva deve prosseguir até o limite das forças”.

Von Rundstedt, é demitido, ele tinha tomado Rostov, a cidade, inteiramente minada, explodiu literalmente sob os passos da Leibstandarte Adolf Hitler, vanguarda do 3° Corpo Blindado. As pontes foram dinamitadas, os franco-atiradores se esconderam nos subúrbios e a 128ª Divisão soviética contra-atacou no Don gelado. O 38° e o 9ª exércitos soviéticos, ao norte da cidade, entraram por uma brecha da frente, ameaçando envolver toda a ala direita do 1° Exército Blindado. A 13ª e a 14ª Panzer de Manteuffel deram meia volta, contiveram o ataque, mas Rundstedt considerou que a ponta de Rostov estava muito exposta e ordenou uma retirada geral para trás do Mius.

Um dos Corpos de Guderian, o 53° PK, atravessa o rio em 26 de novembro: brilhante operação que ainda rende 4.000 prisioneiros e 42 canhões. Mas os russos replicam, lançando a 239ª Divisão Siberiana contra a 29ª Divisão Motorizada alemã. Hoeppner ainda progride ao norte de Moscou. Toma Dimitrov, no canal Moscou-Volga, a 32 km do Kremlin. Toma Istra, depois de combates implacáveis entre os SS da Divisão Das Reich e a 78ª Divisão Siberiana. Guderian e Hoeppner pressionam o Marechal Von Kluge, seu pesado 4° exército, interposto entre os ataques dos blindados, continua parado entre o Moskova e o Oka. Os homens resolvem esperar, abrigam-se do frio o melhor possível, pensam que, segundo o costume, a marcha para a frente recomeçará quando as unidades blindadas tiverem cercado o inimigo. Mas Hoeppner e Guderian protestam contra a imobilidade do vizinho. Ele não está mais servindo, conforme o plano. A última chance de tomar Moscou é que Kluge saia de suas linhas e ataque ao mesmo tempo que eles. Kluge acaba consentindo. O 4° Exército começará a ofensiva em 30 de novembro.

O 4° Exército atravessa o Nara e penetra nas florestas da margem esquerda. Os soldados que progridem melhor são ainda os de Hoeppner. A 106ª Divisão abre uma brecha até Krásnaia Poliana, subúrbio industrial situado a 27 km de Moscou. A 35ª DI, do General Barão Roman, no setor do Istra, toma as aldeias de Alabuschevo, Kajukovo, Matuschkino, e vê, em uma encruzilhada, a placa: Moscou, 22 km. O grupo de reconhecimento da 258ª DI, no setor do 4° Exército, alcança os terminais de bondes, entrevê as torres do Kremlin na fumaça da batalha. Mas isto é apenas uma estreita brecha e, no conjunto, o ataque do 4° Exército fracassou e Von Kluge decide suspendê-lo.

O sol do domingo dia 6 de dezembro, 168° dia da campanha da Rússia, raia em um céu miraculosamente limpo. Toda a planície se assemelha a um cristal. As grandes florestas de bétulas e pinheiros cintilam sob os capelos da geada. Nunca fez tanto frio. Guderian não mais hesita. Chama Von Bock pelo telefone e pede-lhe que dê ordem a seu exército para retirar-se da saliência de Tula, Bock tenta contemporizar. Pede a Guderian que vá à frente, para julgar de perto, antes de tomar uma decisão tão grave. “Pensa que estou em Orel?” – responde Guderian. “Estou em Iásnaia Poliana e combate-se ao lado do meu PC…”

No mesmo momento, como se existisse telepatia entre os condutores dos blindados, Hoeppner suspende igualmente a ofensiva, decide reconduzir seu grupamento blindado para o Istra. Os alemães dão meia-volta às portas da capital inimiga. Moscou está salva. A Alemanha deixou de ser invencível.

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