Experiências médicas em humanos

* Atenção: algumas imagens exibidas aqui podem ser fortes para determinados públicos.

Para os nazistas, não eram os problemas sociais como as carências econômicas e sociais que causavam a marginalidade dos não-arianos. Ao contrário: a congênita “inferioridade racial” desses indivíduos é que criava tais problemas. Dessa maneira, definiam as execuções como sendo de caráter humanitário, misericordioso, para aqueles “condenados pela seleção natural”.

Como para a medicina nazista a boa saúde era característica da superioridade racial ariana, ela deveria ser mantida a qualquer custo. Por essa razão, de 1933 até o início da guerra os alemães considerados “doentes incuráveis” foram submetidos à esterilização para que o “mal” que carregavam não fosse proliferado.

Entre os “doentes incuráveis” que foram esterilizados estavam, conforme relato de Robert Lifton no livro “The Nazi Doctors”:

“60 mil epilépticos, 4 mil cegos hereditários, 16 mil surdos hereditários, 20 mil pessoas com má formação no corpo (anões e gigantes), 10 mil com alcoolismo hereditário, 200 mil doentes mentais, 80 mil esquizofrênicos e 20 mil maníacos-depressivos”.

Lifton cita em seu livro o caso do médico Eduard Wirths, de Auschwitz, que injetava o bacilo do tifo em judeus sãos, sob a justificativa de que estes, naturalmente condenados a morrer, poderiam servir de cobaias para testes de vacinas.

Para reforçar o caráter médico das execuções, muitas vezes uma ambulância pintada com as cores da Cruz Vermelha acompanhava os assassinatos. Muitos médicos se destacaram pela crueldade de seus métodos, entre eles o famoso Josef Mengele, de Auschwitz, que fazia experimentos genéticos como injeções de resina nos olhos de crianças (na tentativa frustrada de conseguir olhos azuis), e especialmente em gêmeos.

Segundo o professor Robert Proctor, autor de A Higiene Racial – A Medicina na Época dos Nazistas, editado pela Harvard University Press, em Cambridge, Massachussets, “o nazismo nada mais é do que a aplicação dos conhecimentos biológicos”. Para ele, tanto a teoria quanto a prática da doutrina nazista tiveram como ponto central a aplicação de uma política biológica.

Congelamento de prisioneiros e exposição ao calor

Estes experimentos solicitados por Himmler foram dirigidos pelo doutor Sigmund Rascher em Auschwitz, Birkenau e Dachau. O propósito era estabelecer quanto tempo demora para a metade inferior do corpo se paralisar, e a maneira de reanimá-lo. Para isto, os nazistas colocavam os judeus nus em recipientes com gelo e os deixavam ali durante horas, nos dias mais frios do inverno. Os sobreviventes morriam nas tentativas de descongelamento em que eram encharcados com líquidos quentes por via oral e anal.

Uma experiência de imersão em água gelada, no campo de Dachau, feita pelos Prof. Holzlohner (esq.) e o Dr. Rascher (direita). A vítima estava usando um uniforme da Luftwaffe.

Os outros morriam quando eram levados do frio intenso a altas temperaturas de maneira súbita, causando um choque térmico. Ou então quando eram submetidos a lâmpadas super fortes até queimarem.

Experiências com malária

De fevereiro de 42 até abril de 45, experimentos foram conduzidos no campo de Dachau, para tentar investigar imunização para o tratamento da malária. Vítimas saudáveis foram infectadas pelos mosquitos ou por injeções de extratos das glândulas mucosas dos mosquitos. Depois de contrair malária, as pessoas foram tratadas com várias drogas para testar sua eficiência relativa. Mais de 1.000 pessoas foram usadas nesse experimento.

Experiências com gás mostarda

Várias vezes, entre setembro de 39 e abril de 45, experiências foram conduzidas em Sachsenhausen, Natzweiler e outros campos, para investigar o mais efetivo tratamento contra os danos causados pelo gás mostarda, cujas vítimas haviam sido atingidas primariamente.

Experiências com sulfato

A partir de julho de 1942, e até aproximadamente setembro de 1943, experiências para investigar a eficiência do sulfonamido (um agente sintético antimicróbico), foram conduzidas em Ravensbrück. Os danos às vítimas foram causados por bactérias como estreptococos, gangrena e tétano. A circulação do sangue foi interrompida tirando-se as veias dos extremos dos danos para tentar criar uma condição similar a uma ferida de batalha. A infecção foi agravada forçando-se pedaços de madeira e vidro dentro das feridas. Depois, eles trataram com sulfato e outras drogas para testar sua eficiência.

Experiências com água do mar

De julho até setembro de 44, experiências foram feitas em Dachau para estudar vários métodos de fazer a água do mar ser potável. Algumas vítimas foram privados de qualquer tipo de comida, ganhando somente uma água do mar processada quimicamente.

Experiências com tifo (Fleckfieber)

Desde dezembro de 44 até fevereiro de 45, experiências foram feitas para testar a eficiência de algumas vacinas. Em Buchenwald, várias vítimas saudáveis foram infectadas deliberadamente (!) com a bactéria do tifo para manter a bactéria viva. Mais de 90% das vítimas morreram. Outras vítimas saudáveis foram usadas para determinar a eficiência de vacinas e várias substâncias químicas. 75% das vítimas foram vacinados com uma destas vacinas ou com alguma das substâncias, e depois de três ou quatro semanas, foram infectados com os germes. Os outros 25% não tiveram nenhuma proteção prévia, para comparar a eficiência das vacinas. Centenas morreram. Experiências com febre amarela, tifo, paratifo A e B, cólera e difteria foram feitas na sequência.

Experiências com veneno

Mais ou menos entre dezembro de 43 e outubro de 44, experiências foram feitas em Buchenwald para testar o efeito de vários venenos. Estes venenos foram secretamente administrados na comida das vítimas. Elas morriam devido ao veneno, ou imediatamente mortas para serem feitas autópsias. Em setembro de 44, algumas vítimas foram atingidas com balas envenenadas e sofreram tortura e logo, a morte.

Experiências com bombas incendiárias

De novembro de 43 até janeiro de 44, experiências foram feitas em Buchenwald para testar o efeito de várias preparações farmacêuticas queimadas em fósforo. – Visto que um dos principais objetivos de Hitler era obter a pureza da raça ariana, os sujeitos submetidos ao maior número de experiências eram os irmãos gêmeos, com os quais se realizavam macabros experimentos como se fossem animais de laboratório. Tiravam medidas dos corpos, centímetro por centímetro e faziam biópsias das diferentes vísceras antes e depois de serem submetidos a testes com agentes físicos, químicos e psicológicos.

Experimentos com gêmeos

O conselheiro e amigo do Dr. Rascher foi o professor Otmar Freiherr von Verscheur, com quem mantinha correspondência em seu novo Instituto de Genética em Berlim. A um ou ambos os gêmeos eram realizadas cirurgias para retiradas de órgãos ou as suas extremidades, os castrava ou realizava cirurgias para mudança de sexo. Como era fascinado pelos olhos azuis, constantemente fazia injeções de corantes na câmara ocular das crianças que tinham olhos com cores diferentes. O interesse de Mengele no genótipo humano de olhos azuis é curioso, pois nem ele nem seus superiores tinham essas características físicas.

Havia transfusões de sangue entre gêmeos, lhes injetava nas veias diferentes extratos de doentes e também alguns germes letais, ou clorofórmio, nafta, inseticidas, etc. Em alguns jovens, eram retiradas as extremidades de algumas veias. Uma sobrevivente relatou que Mengele destruiu uma das mãos da sua irmã gêmea a marteladas. Supervisionou uma cirurgia em que dois gêmeos foram modificados geneticamente para tentar criar siameses. Eram frequentes essas e outras operações sem anestesia e COM AS PESSOAS CONSCIENTES. Faziam diferentes cirurgias na coluna vertebral. Obviamente, ninguém sobrevivia a essas tenebrosas cirurgias ou às sequelas deixadas.

Cada vez que fazia um novo teste, injetava clorofórmio no coração de ambos os gêmeos para assegurar-se de que morreriam logo. Rapidamente, fazia a autópsia para ver os efeitos das drogas sobre os órgãos. Desta forma, as ideias malucas de Mengele custavam até sessenta vítimas diárias! Ficou conhecido como o “Anjo da Morte”. De 3.000 gêmeos que passaram por Auschwitz e Birkenau somente sobreviveram 200. Isso porque Mengele recebeu ordens superiores de suspender os experimentos em 26 de novembro de 1944, devido ao avanço do exército vermelho, que tomaria posse do território em breve.

“Ficar-lhe-íamos reconhecidos se pusesse à nossa disposição certo número de mulheres para experiências que tencionamos efetuar com um novo narcótico…”

“Acusamos a recepção da vossa resposta. O preço de 200 marcos alemães por mulher parece-nos, todavia, exagerado. Não oferecemos mais do que 170 marcos por cabeça. Se concordar, iremos buscá-las. Necessitamos de cerca de 150 mulheres. Apesar de bastante depauperadas, achamos que servem. Informar-vos-emos da evolução das experiências.”

“Fizeram-se as experiências. Todos os indivíduos morreram. Em breve voltaremos a contatar convosco para nova remessa”.

O gás Zyklon B

Zyklon B era a marca registrada de um pesticida à base de ácido cianídrico que foi utilizado pelos nazistas como veneno no assassinato em massa por sufocamento em supostas sessões de banho coletivo nas câmaras de gás.

Barris de Zyklon B

O Zyklon B foi inicialmente usado nos campos de concentração para desinfestar piolhos e evitar o tifo. Em setembro de 1941, as primeiras experiências foram realizadas no campo de concentração de Auschwitz para testar o assassinato de humanos com o veneno.

O Zyklon B era fornecido pelas companhias alemãs Degesch (Deutsche Gesellschaft für Schädlingsbekämpfung mbH) e Testa (Tesch und Stabenow, Internationale Gesellschaft für Schädlingsbekämpfung m.b.H.), sob licença do detentor da patente, a firma IG Farben. Os nazistas ordenaram a Degesch a produção do Zyklon B sem o odor de advertência, de encontro com a lei alemã.

Depois da guerra, dois diretores de Tesch foram julgados por uma corte militar britânica e foram executados pela participação no fornecimento do veneno. Em um exemplo irônico, o Zyklon B foi desenvolvido inicialmente nos anos 1920 por Fritz Haber, um judeu alemão que foi obrigado a emigrar em 1934.

Na França, o grupo Ugine também produziu massivamente o Zyklon B na sua fábrica de Villers-Saint-Sépulcre (Oise).

O uso da palavra Zyklon (ciclone, em alemão) continua a suscitar vivas reações de grupos judeus. Em 2002 a Bosch Siemens Hausgeräte e Umbro foram forçadas a recuar nas tentativas de usar ou registrar a marca para seus produtos.

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